É preciso criar punições administrativas para o usuário que gera conta laranja, diz o diretor de segurança corporativa do Itaú, Adriano Volpini. De acordo com ele, esse é um dos grandes desafios para combate a fraudes e golpes no país e é importante que haja responsabilização dos clientes envolvidos.
Volpini explica que as contas laranja são, em sua maioria, contas legítimas emprestadas para pulverizar os valores de fraudes e golpes, o que dificulta o rastreio dos recursos por autoridades. Elas são diferentes de contas frias, que são criadas realmente com documentos falsos. De acordo em ele, essa é uma ponta solta no combate aos crimes digitais no Brasil.
“A sensação de impunidade é muito grande. Existe o laranja ‘situacional’, mas quase sempre eles estão conscientes do que estão fazendo”, diz o executivo. “Qual é a diferença entre quem recebeu o dinheiro de um golpe e dirigiu o carro em um sequestro, por exemplo?”, questionou.
De acordo com Volpini, essas penalidades poderiam ser estabelecidas via lei ou norma do Banco Central (BC), por exemplo. Além disso, acrescentou, é importante fortalecer as bases de compartilhamento de dados de usuários, como a criada pela resolução 6, do BC, que estabeleceu que as instituições reguladas precisariam trocar informações sobre suspeitas de fraude entre si.
“Há uma preocupação com a possibilidade de as penalidades gerarem desbancarização da população, mas tem como endereçar isso”, disse. “O sistema está pressionando para que essas medidas sejam tomadas.”
O Itaú destaca que as contas laranja, como são emprestadas, trazem um desafio maior de identificação para as instituições do que as frias. “Há falhas de autenticação das instituições, sim, mas boa parte das contas laranja é de pessoas com carteira assinada, que tem conta há tempos na instituição, então é um desafio.”
Ele frisou ainda que as instituições financeiras mantêm um trabalho conjunto com a Polícia Federal (PF) devido às evidências de que muitos golpes e fraudes estão intrinsicamente ligados ao crime organizado. “Isso nos alarma ainda mais”, afirma. “E hoje as contas laranjas têm uma relação muito importante com isso.”
De acordo com pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os prejuízos com crimes virtuais e roubos de celulares ultrapassam R$ 186 bilhões nos últimos 12 meses.