O delegado da Polícia Federal (PF) José Chuy foi nomeado, nesta segunda-feira (2), como corregedor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O nome dele sofre resistência interna, por não ser um quadro oriundo do órgão.
O delegado vai substituir Lidiane Souza dos Santos, que é servidora da casa e foi indicada para o cargo em 2022, ainda durante o governo Jair Bolsonaro (PL). O mandato dela terminou em 31 de agosto.
O órgão é responsável por conduzir as investigações internas abertas diante da suspeita de que a estrutura da Abin teria sido utilizada de maneira ilegal durante o governo Bolsonaro, para blindar os filhos do ex-presidente e espionar ilegalmente adversários políticos.
Desde que o nome de Chuy foi indicado para o cargo, servidores da Abin passaram a criticar a escolha. A União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis) chegou a afirmar que a decisão de fazer mudanças na corregedoria causava “estranheza”, já que Lidiane poderia ser reconduzida e estava colaborando com as investigações.
Para a entidade, o fato de o posto passar a ser ocupado por um delegado era preocupante, já que as investigações têm revelado que as suspeitas de desvios envolvem quadros da PF que foram trazidos para a Abin pelo então diretor-geral Alexandre Ramagem, que também era delegado.
Atualmente, a Abin é comandada por Luiz Fernando Corrêa, que é delegado aposentado da Polícia Federal. As investigações em curso não descartam que integrantes da atual gestão tenham atuado para atrapalhar o andamento do caso, o que levou à queda do número dois da agência, Alessandro Moretti. Diante das suspeitas, Moraes negou o compartilhamento da apuração com a corregedoria do órgão.
Procurada, a assessoria da Abin confirmou a nomeação de Chuy. “A requisição ocorreu após aprovação do nome pela Controladoria-Geral da União (CGU) e atendeu a todos os requisitos legais. Os demais servidores da corregedoria-geral da agência serão compostos por integrantes das carreiras de Inteligência da Abin. A nova gestão da corregedoria irá cumprir seu papel previsto em lei e colaborar com as autoridades competentes”, disse a agência em nota.