Programas de formação e empregabilidade apoiam a inserção de grupos diversos na área de tecnologia. A AWS, plataforma de computação em nuvem da Amazon, é uma das empresas que investem na área. Seu programa Talento nas Nuvens, lançado em 2023, oferece capacitação gratuita com prioridade para mulheres e pessoas das comunidades negra, indígena e LGBTQIA+ e tem o objetivo de treinar 100 mil pessoas até 2025, 80% delas no Brasil e o restante no Peru.
O Talento nas Nuvens já qualificou 20 mil pessoas em jornada de introdução aos fundamentos básicos da computação em nuvem e, atualmente, 700 estudantes seguem cursando o Talento Cloud Pro, curso profissional de programação com 300 horas distribuídas em quatro meses que inclui preparação para o exame de AWS Certified Cloud Practitione e habilidades socioemocionais. Parceria com a Localiza&Co inseriu ainda IA generativa no curso, que este ano ganhou a trilha arquitet@s da nuvem, para formar arquitetos de soluções em nuvem AWS.
Mulheres e pessoas com deficiências (PCDs) são alvo de ações como AWS Tech Alliance, que reuniu Senai, AirGroup / Compass UOL e Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Recife (PE) para capacitar mais de 250 mulheres de comunidades carentes para empregos de nível inicial. Outro destaque é a iniciativa Women in Cloud (WIC), para desenvolvimento de habilidades técnicas, comportamentais e de empregabilidade que já impactou mais de 2,8 mil mulheres e treinou mais de 1,1 mil alunas em computação em nuvem. Já o Carreira sem Barreiras impactou mais de 1,5 mil PCDs com trilha de capacitação técnica e habilidades interpessoais, 300 dos quais participaram de sessões com empresas em busca de contratar PCDs para o setor de tecnologia.
A cervejaria Ambev também busca investir em projetos de formação para contribuir com um mercado de tecnologia mais plural. Seu hub de inclusão produtiva, o Bora, fechou parceria com o Movimento Black Money, cuja plataforma Afreektech oferece cursos gratuitos on-line em temas como marketing digital, inteligência artificial, ciências de dados, vendas B2B e transformação digital.
Os participantes recebem certificados e aceso aos bancos de vagas dos parceiros, incluindo o Movimento pela Equidade Racial (Mover). Outra parceria, com a plataforma B2B da Ambev, a BEES, gerou o Tech Afro Pretas, programa gratuito realizado em 2023 para formar mulheres negras em tecnologia (linguagens de programação Java e React).
Lançado este ano, o Afreektech já está chegando a 10 mil inscritos, dos quais cerca de 90% pessoas pretas e 70% mulheres. “A meta é certificar 20 mil pessoas”, diz Alan Soares, fundador do Movimento Black Money, que realiza também hackatons de inovação. Para 2025 estão previstos os cursos programação no code e low code, gestão de produtos e projetos e UX/CX e masterclasses com profissionais de destaque.
Já a Fly Educação criou o Mulheres in Tech, em 2020, para formar mulheres negras, refugiadas e indígenas em competências socioecomocionais e linguagens tecnológicas, como front-end, backend, desenvolvimento de games e IA. Este ano, sua 12ª edição voltou-se ao tema IA + Gestão, com 30 vagas e apoio de parceiros como Alura e Instituto SYN. “Já formamos 335 alunas e 54% conseguiram emprego após a formação”, diz a fundadora Alejandra Yacovodonato.
Para a comunidade LGBTQIA+, a ONG Todxs criou este ano formações on-line de nível júnior em desenvolvimento de software e UX Design, com apoio da fabricante de produtos de beleza Nivea. “No ano que vem a meta é oferecer até 100 vagas”, diz a gerente de projetos Milena Katryell.
A neurodiversidade é foco da Specialisterne e da aTip. A primeira nasceu na Dinamarca em 2004 e aportou no Brasil em 2015 para inserção de pessoas autistas na área de tecnologia com apoio de capacitações voltadas a temas como tratamento de dados e teste de software. A iniciativa já envolveu mais de 10 mil pessoas no mundo e 600 no Brasil, empregadas por empresas como IBM, SAP, Itaú e Danone, diz o diretor-geral Specialisterne Brasil, Marcelo Vitoriano.
A startup aTip surgiu em 2018 e acaba de finalizar a sexta edição de hackaton voltado ao segmento. Dos mais de 2 mil inscritos até hoje, 20% já foram contratados por empresas como EY e Hospital Albert Einstein. O banco de talentos embasou a criação de uma plataforma de recrutamento e seleção de pessoas autistas, principalmente em tecnologia, beneficiada por características comportamentais como superfoco e atenção a detalhes, diz o fundador Caio Bogos.