A inauguração de obras federais em Campinas (SP) nesta quinta-feira (4), foi marcada por críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Duvido que o governador de São Paulo tivesse conseguido aprovar R$ 12 bilhões no BNDES em outro governo. Só conseguiu porque sou republicano, respeito todo mundo. Não quero casar com o governador, já sou casado, só quero uma relação de respeito, civilizada”, afirmou.
O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), aliado de Jair Bolsonaro, estava no palco ao lado de Lula e foi vaiado ao ter o nome anunciado. Saadi vai tentar a reeleição com o vice, Wanderley Almeida, que é do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. Eles devem ter como adversário um candidato do PT que também estava presente, Pedro Tourinho, suplente que vai assumir nos próximos dias o mandato do deputado federal Rui Falcão (PT) – de licença para auxiliar na campanha de Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo, pleito considerado chave para o futuro do partido e do próprio governo.
“O prefeito está convidado, ele é autoridade local. Faço questão de convidar todas as autoridades locais, é uma questão de respeito. É uma coisa que quero dar e gosto de receber”, respondeu Lula.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, também criticou Tarcísio. Mercadante disse que o governador precisa respeitar o pacto federativo e reconhecer os investimentos e recursos do governo federal empregados em São Paulo. “Ao contrário do que acontecia no governo anterior, este governo não discrimina a oposição”, disse.
Mais cedo, em Salto, na primeira parada de sua agenda pelo interior paulista, Lula também criticou o governador de São Paulo, que segundo ele, não vai a “nenhum lugar que eu convido”. O prefeito de Salto, o bolsonarista Laerte Sonsin Jr. (PL) foi convidado e também não compareceu. Tarcísio cumpriu agenda própria em outras cidades do interior, entre elas Lençóis Paulista e Bauru.
Relembrando momentos e programas de seus dois mandatos anteriores na Presidência, entre 2003 e 2010, Lula afirmou ter ficado chocado ao voltar ao Palácio do Planalto e ver a descontinuidade do programa Minha Casa, Minha Vida.
“Esse ministro da Cidade [Jader Filho, presente na cerimônia] encontrou o Brasil com 87 mil casas do Minha Casa, Minha Vida totalmente paralisadas. Casas que começaram em 2011, 2012, 2013 [ainda no governo Dilma Rousseff]. O governo anterior criou o programa Casa Verde Amarela, mas até agora não vi uma casa verde amarela”, afirmou Lula.
O presidente Lula também participou em Campinas do lançamento da pedra fundamental do Orion, um complexo de laboratórios de biossegurança máxima que é orçado em R$ 1 bilhão. A obra também faz parte do Novo PAC, razão das viagens do presidente aos dois municípios paulistas.
O Orion foi apresentado como um projeto capaz de “alavancar a ciência brasileira”, como disse a ministra Luciana Santos, de Ciência e Tecnologia. Ele vai ser construído dentro do CNPEM e deve ser o primeiro laboratório de biossegurança máxima (NB4) da América Latina.