Os cortes na geração de energia renovável no Brasil resultaram em perdas significativas para o setor eólico, estimadas em cerca de R$ 700 milhões, de acordo com a Abeeólica, associação que representa as empresas do setor. Durante o evento Lefosse Energy Day 2024, realizado em São Paulo, a presidente executiva da entidade, Elbia Gannoum, alertou que algumas empresas podem não suportar essas perdas em seus balanços.
No grupo das empresas de capital fechado, sofreram também Spic, Casa dos Ventos, e 2W. O setor vê com pessimismo a possibilidade de uma solução a curto prazo para esse problema.
A situação se agrava com a chegada da chamada “safra dos ventos”, período do ano em que a produção eólica é mais elevada. Segundo Gannoum, se forem consideradas também as perdas no setor de energia solar, o prejuízo total pode ser ainda maior.
Os cortes de geração, também conhecidos pelo termo em inglês “curtailment”, no jargão do setor, são decididos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Como as usinas não têm controle sobre essa decisão, elas defendem na justiça que sejam compensadas por meio do Encargo de Serviços do Sistema (ESS), que seria repassado aos consumidores na conta de luz.
O apagão do dia 15 de agosto de 2023 deixou o ONS mais conservador, levando-o a limitar a transmissão de energia renovável do Nordeste para o resto do Brasil.
“Hoje o ONS não envia mais energia do Nordeste para o Sudeste por segurança, hoje são 11,3 GW sendo que em agosto de 2023, antes daquele evento [o apagão], estava em 13,5 GW, agora não chega mais ao nível por segurança, aí vem e gera térmica no Sudeste”, disse a executiva.
Já o ONS tem dito que não pode aumentar a geração de energia sem uma demanda correspondente. Com a expansão do parque gerador focada principalmente em fontes renováveis, como eólica e solar, essas restrições afetam mais as usinas que não têm capacidade de armazenamento, diferentemente das hidrelétricas.