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Primeiramente, achei bem rica a sua experiência de ter atuado em uma indústria alimentícia e em consultoria. Agora, na empresa da família, certamente você deve conseguir contribuir bastante. Essa sensação de ter perdido as referências é normal. Isso porque, na carreira, não somos nutridos apenas pelo dia a dia na empresa em que atuamos. Também nos tornam melhores os encontros com pessoas inspiradoras, a presença em eventos, a participação nos cursos acadêmicos que você mencionou e, até mesmo, em experiências de aprendizagem de curta duração de temas que estão em alta, como digitalização de processos, “power BI”, negociação, liderança e finanças para não financeiros, por exemplo.
Especificamente com relação a sua pergunta, se é melhor um MBA, uma especialização ou um mestrado, vai depender da função na qual você atua hoje. Se, nesse momento, o seu desejo é se aprofundar em uma função mais técnica que exija criatividade para pensar em novas soluções, pode fazer sentido um mestrado profissional. Essa experiência tende a ser mais focada em problemas reais do mercado, o que pode ampliar as suas perspectivas no negócio. Além disso, algumas instituições oferecem a possibilidade de elaborar um projeto aplicado, em que você pode usar a própria empresa como base para o estudo.
Caso a sua atual função seja mais administrativa e generalista, o MBA pode ser uma excelente opção para você ter uma visão mais ampla com relação a diversos temas e, posteriormente, escolher qual assunto gostaria de aprofundar o conhecimento. Cursos de especialização em temas que você já identificou como seus pontos fracos também são bem-vindos. Por exemplo, você poderia fazer um MBA em negócios ou em finanças e, na sequência, se especializar em gestão de pessoas ou de projetos.
São temas complementares que podem ampliar suas referências e sua atuação na atual empresa. Além disso, cursos em geral são ótimos ambientes para networking com outros profissionais, ainda que os encontros sejam em formatos híbrido ou remoto. Esse contato com executivos e líderes de diferentes áreas pode compensar a falta de troca com pessoas qualificadas, como você citou.
Dado o momento estratégico da sua atual empresa, recomendo que, em paralelo, busque por cursos rápidos de transformação digital, inovação e cultura de dados. É possível participar de experiências tanto no Brasil quanto em instituições renomadas do exterior, como Harvard, MIT e Stanford, em formato on-line. A ideia é que você tenha acesso a insights práticos para implementar tecnologias que aumentem a competitividade do seu negócio. Essas capacitações também permitem um aprendizado contínuo, essencial para uma área em constante evolução.
Você citou que está longe dos grandes centros, mas essa distância física não precisa ser uma barreira para estabelecer conexões. Você pode e deve manter contato com pessoas que agreguem valor à sua vida e carreira por meio de cafés virtuais. Vale a pena colocar na rotina semanal ou quinzenal uma reunião remota de troca de ideias com alguém da sua rede.
Outro ponto interessante a ser considerado: invista na implementação de uma cultura de aprendizagem na empresa em que está. Incentive a sua equipe e os seus pares a buscar capacitação, ofereça workshops internos ou contrate palestrantes para temas de interesse. Essa iniciativa vai elevar o nível de qualificação do seu time, enquanto desafia a sua própria capacidade de liderar em um ambiente de crescimento constante.
A troca de experiências com outros empreendedores é valiosa para adquirir uma visão crítica e estar em contato com novas ideias. Busque conhecer as empresas do entorno da sua e aproxime-se dos líderes de destaque na sua região. Participe de associações e fóruns setoriais focados em indústrias semelhantes à sua e que sejam referência, inclusive de companhias familiares como a sua. Muitas dessas comunidades promovem eventos on-line e discussões sobre melhores práticas, o que pode ser um excelente ponto de aprendizado e troca.
Também é importante realizar um planejamento estruturado para sua carreira, revisando constantemente suas metas e se perguntando onde quer estar nos próximos anos. O uso de ferramentas de desenvolvimento pessoal, como uma análise SWOT pessoal, pode ajudar a mapear suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, revelando os passos necessários para atingir seus objetivos.
Ainda que a gente receba incentivos externos, desenvolvimento pessoal e profissional é uma jornada particular, que exige o nosso protagonismo e ações contínuas. Esse cuidado é o que nos mantém mais próximos da realização.
Isis Borge é headhunter, diretora executiva da Talenses e sócia do Talenses Group onde atua com recrutamento executivo e lidera a seleção no C-level para energia e indústria.
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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.