A China solicitou muito mais patentes do que qualquer outro país quando se trata de inteligência artificial (IA) generativa, disse a agência de propriedade intelectual da Organização das Nações Unidas (ONU) na quarta-feira (3). Os Estados Unidos ficaram em um distante segundo lugar.
Mais de um quarto dessas invenções surgiram no ano passado — um testemunho do crescimento explosivo e do interesse na tecnologia desde que a IA generativa entrou na consciência pública em larga escala no fim de 2022, disse a OMPI.
O novo relatório sobre patentes, o primeiro do tipo, visa rastrear pedidos de patentes como uma possível indicação de tendências em inteligência artificial. Ele foca apenas em IA generativa e exclui inteligência artificial de forma mais ampla, que inclui tecnologias como reconhecimento facial ou visão computacional.
“A OMPI espera dar a todos uma melhor compreensão de onde essa tecnologia em rápida evolução está sendo desenvolvida e para onde está indo”, disse a jornalistas o diretor geral da entidade, Daren Tang.
Na década iniciada em 2014, mais de 38,2 mil invenções de IA generativa vieram da China. Isso é seis vezes mais do que os Estados Unidos, que tiveram quase 6,3 mil. Eles foram seguidos pela Coreia do Sul com 4.155, Japão com mais de 3,4 mil e Índia com 1.350.
A IA generativa ajuda os usuários a criar texto, imagens, música, código de computador e outros conteúdos por meio do uso de ferramentas como ChatGPT da OpenAI, Google Gemini e Ernie da Baidu da China. A tecnologia tem sido empregada por muitas indústrias, incluindo ciências da vida, manufatura, transporte, segurança e telecomunicações.
Alguns críticos temem que a IA generativa possa substituir trabalhadores em alguns tipos de empregos ou usar indevidamente conteúdo gerado por humanos sem uma compensação justa ou adequada às pessoas por trás disso.
Como em outros tipos de pedidos de patentes, os funcionários da OMPI reconhecem que a quantidade de patentes de IA generativa não indica qualidade. É difícil dizer tão cedo na tecnologia quais patentes terão valor de mercado ou serão transformadoras para a sociedade. “Vamos ver como os dados e os desenvolvimentos se desenrolam ao longo do tempo”, disse Tang.
Os Estados Unidos e a China são frequentemente vistos como rivais no desenvolvimento da inteligência artificial, mas por algumas medidas, as empresas americanas de tecnologia estão liderando na criação dos sistemas de IA mais avançados do mundo.
Sessenta e um modelos notáveis de aprendizado de máquina surgiram de instituições baseadas nos Estados Unidos em 2023, superando os 21 da União Europeia e os 15 da China, de acordo com o AI Index anual do Instituto de Inteligência Artificial Centrada no Ser Humano da Universidade de Stanford. Dos países da União Europeia, a França teve o maior número, com oito.
Os Estados Unidos também têm o maior número de chamados modelos de fundação de IA — como o GPT-4 da OpenAI, o Claude 3 da Anthropic, o Gemini e o Llama da Meta, que são enormes, versáteis e treinados em grandes conjuntos de dados. Lideram também em investimentos privados em IA e no número de startups de IA recém-formadas, enquanto a China lidera em robótica industrial.