Uma delegação israelense liderada pelo chefe de inteligência do país, David Barnea, viajou para o Egito no sábado (3) buscando avançar nas negociações, há muito paralisadas, sobre uma possível trégua em Gaza, disseram oficiais israelenses familiarizados com o assunto.
O escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que supervisiona o Mossad, não comentou sobre a viagem de Barnea. As autoridades no Egito, que atuaram como principais mediadores nas negociações entre Israel e Hamas, também não estavam disponíveis para comentar.
Qualquer progresso em direção a um cessar-fogo poderia reduzir a escalada das represálias que o Hamas, seu aliado Hezbollah e seu patrocinador Irã ameaçam praticar em resposta à morte de militantes seniores em Beirute e Teerã nesta semana.
De todo modo, a disposição de Israel para retornar às negociações de cessar-fogo é um movimento ousado, uma vez que o Irã e seus aliados acusam o país de matar Ismail Haniyeh, líder político da facção palestina, que foi morto na capital iraniana Teerã esta semana. Tanto o Hamas quanto a República Islâmica culparam Israel pelo assassinato de Haniyeh. Israel não reconheceu a responsabilidade por sua morte, embora tenha prometido desde o início da guerra destruir a liderança do grupo militante.
Na sexta-feira, o escritório de Netanyahu disse que Israel e Hamas continuam divididos sobre vários elementos da trégua proposta, que é apoiada pelos EUA. Para Israel, suas forças devem permanecer posicionadas ao longo da fronteira que separa o enclave palestino do Egito vizinho e um mecanismo deve ser estabelecido para impedir que combatentes do Hamas retornem ao norte de Gaza.
Outro ponto de discordância é o número de reféns a serem liberados pelo grupo, que se acredita estar mantendo mais de 100 pessoas em cativeiro. O Hamas, designado como organização terrorista pelos EUA, invadiu o sul de Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando cerca de outras 250. O grupo militante deseja que qualquer acordo de trégua eventualmente ponha fim à guerra em Gaza, em que mais de 39.000 palestinos já foram mortos, de acordo com o ministério da saúde controlado pelo Hamas.
Israel tem estado em alerta para uma escalada acentuada das tensões com o Irã e os grupos militantes apoiados por Teerã após os assassinatos desta semana. O Hezbollah prometeu retaliar depois que Israel assassinou Fuad Shukr, comandante sênior do grupo militante, no Líbano na terça-feira.