O aplicativo de mensagens Telegram fornecerá endereços IP e números de telefone dos usuários às autoridades competentes em resposta a solicitações legais, de acordo com o CEO, Pavel Durov. A plataforma mudou seus termos de serviço para impedir que criminosos abusem dela, disse Durov, em uma publicação no Telegram, na segunda-feira (23).
A mudança representa uma diferença marcante da abordagem do Telegram para solicitações governamentais de dados e sua reputação de moderação frouxa. A plataforma sediada nos Emirados Árabes Unidos tem sido notoriamente não responsiva a solicitações de remoção de governos ao redor do mundo e frequentemente ignora solicitações de informações sobre suspeitos de crimes.
O aplicativo, que usa inteligência artificial e uma equipe de moderadores, agora começou a ocultar conteúdo problemático de seus resultados de pesquisa como parte de seus esforços para evitar uso indevido, disse Durov.
Em agosto, promotores franceses acusaram o russo Durov em conexão com supostos crimes cometidos no aplicativo. O caso retrata o CEO bilionário como o chefe de uma empresa que se recusou a fornecer dados à polícia para auxiliar em grampos legais em suspeitos de crimes.
Durov, que recebeu ordens de permanecer na França durante a investigação, nega as acusações. Sob Durov, o Telegram atraiu a ira de governos que vão da União Europeia a regimes autoritários na Rússia e no Irã. Ele foi usado por manifestantes que buscavam se organizar contra as autoridades, ao mesmo tempo em que se tornou um centro para teóricos da conspiração e extremistas.
Supremacistas brancos nos EUA, por exemplo, usam o Telegram há anos para coordenar ataques à infraestrutura de energia.
O Kremlin tentou bloquear o Telegram em 2018, apenas para reverter o curso dois anos depois, após não conseguir encerrar o serviço. Quando a proibição foi retirada , o regulador russo disse que Durov havia sinalizado que ajudaria a combater o extremismo e o terrorismo.
A prisão de Durov levou a uma série de mudanças de política no Telegram. No início deste mês, o Telegram desabilitou novos uploads de mídia, o que Durov disse que tinha como objetivo deter bots e golpistas.