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Caso Marielle: Ronnie Lessa diz que focos dos irmãos Brazão era atingir o Psol | Política

Redação
por Redação

O assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-policial Ronnie Lessa prestou depoimento nesta terça-feira (27) no processo do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o crime. Ao responder questões do Ministério Público Federal, Lessa afirmou que os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão tinham interesse em dar “uma pancada” no Psol. “A questão deles era o Psol”, disse Lessa. Lessa firmou um acordo de colaboração premiada com a Justiça.

O ex-policial contou que quando Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, o procurou para o crime, ele pediu informações sobre Marcelo Freixo e disse que ficariam ricos. “Aí vi o potencial sinistro”, disse Lessa. A promessa seria que eles receberiam R$ 25 milhões cada com a venda de loteamentos na zona oeste do Rio de Janeiro. Macalé seria o intermediário entre Lessa e os irmãos Brazão na contratação do crime.

De acordo com o ex-policial, ele questionou Macalé se ele tinha noção do problema que ia dar se matassem Marcelo Freixo, por ser um político conhecido. Depois das ponderações sobre o risco de matar Freixo, o político saiu do plano principal dos irmãos Brazão. Foi nesse momento que Marielle foi apontada como a próxima vítima por ter se tornado uma “pedra no sapato”.

“A informação que chegava era que Marielle ia combater loteamentos de milícias e ela viraria uma pedra no caminho. Quando ele vira uma pedra no caminho, ela assina o decreto de morte dela”, disse Lessa no depoimento. “Ela foi infeliz de bater de frente com eles”, acrescentou.”

Ainda segundo Lessa, o delegado Rivaldo Barbosa, preso por participação no crime de Marielle, foi incisivo de que o crime não poderia ocorrer perto da Câmara dos Vereadores para não configurar crime político. Na reunião de Lessa, com Macalé e os irmãos Brazão, os Brazão disseram que a “DH [Delegacia de Homicídios] estava no bolso”. Ele contou que na época, Macalé chegou a dizer: “Pô padrinho, se eu soubesse que você tinha esse contato, nem tinha sido preso”. A DH era chefiada por Rivaldo Barbosa.

Lessa disse que o apelido de Rivaldo era Tio Patinhas ou Silvio Santos, em alusão ao programa “Topa Tudo por Dinheiro” e que ele é um perfil ambicioso. Após a grande repercussão do caso, Lessa obteve de Macalé a resposta de que “Rivaldo estaria direcionando o canhão para outro canto” e que ele não precisava se preocupar.

O delator disse que chegou a falar para Macalé deles “pularem fora”, mas Macalé o alertou que eles seriam dois defuntos e sem dinheiro, uma vez que eles já sabiam que o crime estava sendo arquitetado. “Meu arrependimento bateu antes do crime, em dezembro, quando a gente tentou mudar a ideia do Rivaldo”, disse.

Segundo Lessa um dos endereços fornecidos para a possível execução de Marielle era o endereço do ex-marido dela. Por isso, para ele, a ideia da polícia era tramar um crime passional. Que, no fim, não deu certo.

Lessa disse que se arrependeu do crime. “Eu não precisava disso. Foi ganância. Caí em uma mega asneira”. Disse também que o crime era exclusivamente para matar Marielle. “Anderson não fazia parte do plano, de jeito nenhum, nem ele, nem a assessora”.

Logo na abertura do depoimento, o advogado de Lessa, Saulo Carvalho, solicitou que todos outros réus deixassem a videoconferência e não assistissem à sessão, sendo representados apenas por suas defesas, pois havia um “temor” por parte do delator. O juiz Airton Vieira, auxiliar do STF e que preside a audiência, aceitou o pedido.

No começo de sua fala, Lessa disse que o seu “pacto de silêncio” foi quebrado e que os mandantes do crime são pessoas perigosas.

Mesmo depois de mais de cinco horas de depoimento, Lessa continuará a depor na quarta-feira (28). Nesta fase processual, o Ministério Público Federal e os advogados podem fazer perguntas às testemunhas para a instrução processual. A ideia é trazer mais elementos aos autos, com outras versões e possíveis contradições das testemunhas, na tentativa de fornecer melhores informações para os ministros tomarem a decisão de condenar ou absolver os réus.

No dia 18 de junho, a Primeira Turma do STF, por unanimidade de votos, decidiu tornar réus os cinco suspeitos de participação no crime. O relator, ministro Alexandre de Moraes, votou para aceitar a denúncia oferecida pela PGR e foi seguido pelos demais integrantes do colegiado. A partir da decisão, abriu-se a Ação Penal 2434 no STF contra os acusados. Somente ao final do processo é que a Corte decide se eles serão condenados ou absolvidos. Os cinco réus continuam presos preventivamente.

Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco na noite de 14 de março de 2018 — Foto: Foto: Reprodução/JN

Fonte: Externa

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