O general da reserva Walter Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 e seu ex-ministro de Defesa, foi preso neste sábado (14) pela Polícia Federal, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) assinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo a PF, ele é investigado no inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito em 2022.
1. Novo depoimento de Cid
Um novo depoimento prestado em novembro pelo tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, detalhou a participação de Braga Netto na suposta tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na oitiva, Cid afirmou que Braga Netto teria entregado dinheiro vivo, em uma caixa de vinho, aos chamados “kids pretos”, militares com formação especial que colocariam em prática o plano para executar Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O general teria participado então do financiamento da tentativa de golpe, embora não tenha ficado claro se os recursos eram dele ou teriam sido repassados por outra pessoa.
Esse novo depoimento de Mauro Cid foi essencial para a prisão de Braga Netto realizada neste sábado (14).
2. Indiciamento por tentativa de golpe de Estado
A Polícia Federal indiciou, em 21 de novembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto, e seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid por tentativa de golpe de Estado. Ao todo, foram 37 indiciados pelos investigadores no inquérito aberto no STF e relatado pelo ministro Alexandre de Moraes.
O indiciamento se deu por três crimes: tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Um indiciamento ocorre quando um delegado de polícia conclui que há indícios de crime e associa os possíveis delitos a uma pessoa ou grupo de pessoas. Essa conclusão só é possível após apuração do caso pela polícia.
O relatório da PF foi entregue ao STF, que retirou o sigilo do documento. Na semana passada, mais três pessoas foram indiciadas.
A operação da Polícia Federal realizada neste sábado estava prevista para ocorrer na quinta-feira (12). Braga Netto, porém, estava com a família em viagem de férias a Alagoas, e por isso a prisão ocorreu apenas neste sábado, quando ele estava de volta em casa.
4. Operação da Polícia Federal
A Polícia Federal deu início a uma operação no Rio por volta das 6h para cumprir mandados judiciais expedidos pelo STF em face de investigados no inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito em 2022.
No primeiro comunicado sobre a operação a PF já informava que houve tentativa de obstrução da Justiça. “Estão sendo cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal”, informou a nota da PF.
A prisão do general da reserva Braga Netto ocorreu em sua casa, no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio. O início da operação ocorreu pouco depois das 6h e por volta de 7h Braga Netto foi levado para a sede da Polícia Federal no centro do Rio por policiais federais e com apoio do Exército.
O celular do general foi apreendido nessa operação, em uma tentativa de identificar provas da tentativa de interferência das investigações.
Depois, o general Braga Neto foi levado da Polícia Federal para o Comando da 1ª Divisão do Exército do Rio de Janeiro, que fica localizado na Vila Militar, no bairro de Deodoro, na zona oeste do Rio.
Em sua decisão, o ministro Alexandre Moraes pede a prisão contra Braga Netto por ter alocado recursos para a tentativa do golpe de estado e por tentar obstruir a investigação ao buscar obter informações da delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.