Apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), reconheceu nessa terça-feira (15) a dificuldade de sua candidatura em dialogar com pequenos empreendedores, como motoristas de aplicativo e motoboys. Para tentar reverter a derrota enfrentada no primeiro turno em bairros periféricos, Boulos e Lula vão reforçar propostas para essa fatia do eleitorado. No fim de semana, o presidente subirá em dois palanques do candidato do Psol, no Grajaú e em São Mateus, para apresentar ações do governo federal e promessas voltadas ao empreendedorismo.
Em desvantagem no início do segundo turno, de acordo com o Datafolha, Boulos tenta ampliar os votos na periferia e tem feito acenos, junto com Lula, para atrair pequenos empreendedores e a população de baixa renda.
Nos eventos que deve participar no Grajaú (zona sul) e São Mateus (zona leste), Lula deve apresentar, ao lado de Boulos, o programa “Acredita”, de oferta de crédito para pequenos empreendedores. Na mesma linha, Boulos tem prometido beneficiar pequenos empreendedores e profissionais liberais de famílias de baixa renda, se eleito.
Na entrevista ao “SP2”, o candidato do Psol prometeu liberar os motoristas de aplicativo do rodízio de automóveis, destacou o programa “Acredita Mulher” para dar crédito de até R$ 20 mil para abrir ou manter negócios, afirmou que vai liberar a transferência de alvará para taxistas e a publicidade em táxis. Disse ainda que criará 96 pontos de apoio para motoboys. O deputado afirmou que com essas promessas pretende crescer em redutos em que seu adversário, o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), e o candidato derrotado Pablo Marçal (PRTB) avançaram no primeiro turno.
Boulos minimizou a falta de participação de Lula em eventos de sua campanha no primeiro turno. Os dois comícios que o presidente deve fazer neste fim de semana estavam previstos para o fim de setembro, mas Lula cancelou. No primeiro turno, o presidente esteve apenas dois dias na capital para fazer campanha: em agosto, fez dois comícios no Campo Limpo e São Miguel Paulista, e na véspera do primeiro turno fez uma caminhada na avenida Paulista.
Ao falar sobre o apagão que desde sexta-feira atinge milhares de famílias em São Paulo, Boulos voltou a criticar a Enel e vinculou o prefeito ao problema. “O apagão tem pai e mãe. A mãe é a Enel. O pai é Ricardo Nunes”, disse, sobre o adversário, cobrando ações de zeladoria, como a poda de árvores.
Antes da entrevista, Boulos fez um evento para apresentar propostas para preparar a cidade contra eventos climáticos extremos e evitar cenários como o visto desde a sexta-feira, quando uma tempestade deixou milhares de pessoas sem energia elétrica. O candidato anunciou também que vai protocolar uma ação coletiva contra a Enel para que a empresa indenize quem foi afetado pela falta de luz, em especial os pequenos comerciantes.
Boulos prometeu, se eleito, adotar medidas como o uso de ferramentas de tecnologia para monitorar as árvores, com instrumentos como chip e satélites, para acompanhar as espécies ameaçadas ou que precisam ser remanejadas, além da contratação de agentes para a Secretaria de Meio Ambiente e profissionais como engenheiro agrônomo, necessários para a poda de árvores.
“Com a tecnologia de chipagem, podemos estabelecer um critério de prioridades para ver quais estão mais ameaçadas”, disse, citando a fila de 7.600 árvores para serem podadas no município. Na segunda-feira, no debate da TV Bandeirantes, Nunes disse que as podas que estão pendentes dependem de intervenções de segurança da Enel, já que muitas delas estão encostadas na fiação elétrica.
Boulos prometeu ainda um programa para aterrar parte da fiação e disse que terá ajuda de Lula. “É caro, o aterramento de fio chega a ser 12 vezes mais caro que a implementação da rede aérea. A prefeitura não tem como arcar sozinha, por isso vou buscar apoio do governo federal”, disse. Seu plano é fazer um mapeamento para identificar as áreas mais vulneráveis, o que justificaria o aterramento subterrâneo. O candidato insistiu na “omissão” de Nunes na zeladoria. “Em vez de fugir de responsabilidades, eu assumo. Apresento o plano mais ousado para a preparação de São Paulo para enfrentar os eventos extremos”, disse.
Procuradores do município entraram com uma ação civil pública na 2ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) contra a Enel para que a energia da cidade seja restabelecida imediatamente. A prefeitura pede que seja aplicada uma multa diária de R$ 200 mil caso essas solicitações não sejam cumpridas.