O mercado editorial brasileiro está em festa. A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo bateu recorde de vendas. Realizado no Distrito Anhembi, na Zona Norte da capital paulista, o evento termina neste domingo (15).
Nesta edição, eram esperados 716 autores: 683 brasileiros (como Ana Paula Maia, Thalita Rebouças e Felipe Neto) e 33 estrangeiros, como o cubano Leonardo Padura, o americano Jeff Kinney (“Diário de um banana”) e 17 escritores da Colômbia (país homenageado no evento).
Houve mesas sobre praticamente todas as grandes tendências do mundo literário: romantasia, ficção climática, cristã, literária, de cura, literatura erótica, para as infâncias, romance policial, esportivo e outros.
De acordo com os balanços divulgados pelas editoras, as ficções de cura e as romantasias se destacaram entre títulos mais vendidos. A Câmera Brasileira do Livro (CBL) esperava superar o público da edição de 2022, que foi de 660 mil visitantes.
Segundo o diretor da Globo Livros, Mauro Palermo, a Bienal “superou a mais otimista expectativa e bateu todos os recordes históricos”. “Em um mundo cada vez mais polarizado, as Bienais do Livro têm sido um sopro de esperança. Foram 10 dias de encontros e reencontros de leitores com seus autores queridos, em um universo eclético, onde todas as correntes de pensamento convivem em perfeita harmonia. E como a leitura é o passaporte para o desenvolvimento da cidadania, não posso deixar de celebrar os bons números”, disse Palermo.
Entre os títulos mais vendido da editora no evento estão a romantasia “Assistente do vilão”, da americana Hannah Nicole Maehrer, o romance esportivo “Em rota de colisão”, da canadense Bal Khabra, “A mecânica do amor”, de Alexene Farol Follmuth, “Este é um corpo que cai mas continua dançando”, de Igor Pires, e “Mais ou menos nove horas”, de Vitor Martins.
O Grupo Companhia das Letras afirmou que a Bienal foi “o maior evento de vendas da história do grupo editorial” e destacou que seis dos dez títulos mais bem-sucedidos são de autores brasileiros”: “Uma família feliz”, “Jantar secreto” e “Suicidas”, de Raphael Montes, “Como enfrentar o ódio”, de Felipe Neto, “O mar me levou a você”, de Pedro Rhuas, e “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório.
“Foi uma alegria ver vesse espaço lotado de leitores. Isso mantém nossa esperança de transformar o país através da leitura”,
disse Mariana Zahar, diretora de operações da Companhia das Letras. A Sextante registrou aumento de 100% nas vendas em comparação com a Bienal de 2022 e de 60% com a de 2023. No tipo da lista de mais vendidos do estante da editora está a autora italiana Ali Hazelwood com três romances: “A hipótese do amor”, “Amor, teoricamente” e “Noiva”. Logo atrás, estão “A empregada”, da americana Freida McFadden, e “Uma farsa de amor na Espanha”, da espanhola Elena de Armas.
“A Bienal do Livro de São Paulo me surpreendeu muito. Quando cheguei aqui e vi o tamanho da estrutura eu pensei: “vai precisar de muita gente para encher todo esse espaço”. Mas o espaço ficou pequeno! Ver esse mundo de gente interessada em livros foi uma alegria. Viver essa Bienal me encheu de esperança”, celebrou Marcos da Veiga Pereira, sócio-diretor da Sextante.
A HarperCollins Brasil também dobrou o faturamento de 2022. A diretora de marketing e vendas da editora, Daniela Kfuri, descreveu a Bienal como “histórica”. Ela destacou o sucesso do selo Harlequin, dedicado a histórias românticas, de romantasias como “O despertar da lua caída”, da neozelandesa Sarah A. Parker, e do selo evangélico Thomas Nelson. O título mais vendido no estande foi “Amor às causas perdidas, de Paola Aleksandra. O segundo lugar ficou com “O Deus que destrói sonhos”, do teólogo Rodrigo Bibo.
O Grupo Editorial Record informou ter faturado 82% a mais em relação à Bienal do Rio, no ano passado. O ranking de mais vendidos da editora foi dominado pela americana Colleen Hoover (“É assim que acaba”, “É assim que começa” e “Verity”), seguida pela baiana Elayne Baeta (“O amor não é óbvio”).
Já a Ciranda Cultural celebrou um crescimento de 50% nas vendas em comparação com 2022 e aproveitou o evento para lançar dois novos selos, Mood e Trend. Este último é voltado à publicação de livro de livros de influenciadores digitais.
Na Rocco, o crescimento das vendas foi de 87% em comparação com a Bienal de 2022. A editora destacou o sucesso de gêneros como romantasia, ficção de cura e romance esportivo. O maior sucesso desta Bienal, aliás, foi a romantasia “Powerless”, da americana Lauren Roberts, seguido pela ficção de cura “Amêndoas”, da coreana Won-pyung Sohn.
Cerca de 90% dos livros mais vendidos da Rocco foram escritor por autoras mulheres. “A Bienal de São Paulo já tinha dado um salto em 2022 e o excelente resultado de vendas e visibilidade para a Rocco este ano mostram que o evento efetivamente mudou de patamar”, apontou Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da editora carioca.
“Três pontos que contribuíram para o sucesso foram o ótimo trabalho de divulgação com influenciadores, a maior visitação escolar e o Distrito Anhembi renovado e bem mais confortável”, disse.
O livro mais vendido do Grupo Autêntica na Bienal também foi uma romantasia: “Era uma vez um coração partido”, da americana Stephanie Garber, que é publicado pelo selo Gutenberg. Também se destacaram autoras brasileiras como Paula Pimenta (“Minha vida fora de série”), e Paola Sivieo, autora de fantasia.
O grupo editorial comemorou um amento de mais de 60% mas vendas. Segundo a editora Flavia Lago, o “grande protagonista” da Bienal foi “o público jovem”, que colocou em xeque “a velha afirmação de que o jovem não lê”. “Essa febre está evidentemente ancorada na internet, nas séries, nos likes e deslikes, nos cenários instagramáveis. E isso faz parte da experiência completa para eles. A presença do estande da Gutenberg neste ano foi uma prova disso: identificação direta com o público, os livros mais queridos e aguardados, presença dos autores, descontos, brindes e cenários para fotos. “Já vai deixando a gente com saudade e com vontade de fazer ainda melhor em 2025, no Rio”, afirmou.
A Intrínseca registrou um faturamento 75% em comparação com a Bienal de 2022 e de 27% com a do ano passado. Entre os títulos mais vendidos da editora no evento, estão ficções de cura como “Bem-vindos à livraria Hyunam-dong”, da coreana Hwang Bo-reum (que esteve presente na Bienal) e “Vou te receitar um gato”, da japonesa Ishida Syou.
“É muito gratificante ver que um evento tão bonito como a Bienal só cresça a cada ano. Importante frisar que quando a gente fala de crescimento de vendas a gente também está falando de mais pessoas lendo. E esse é o principal propósito do nosso trabalho”, disse Vanessa Oliveira, gerente de marketing da Intrínseca.
Já a editora Cortez lamentou não ter atingido sua meta de crescimento, que era de 20%. As vendas subiram apenas 4%. “Sentimos falta do público universitário no evento, enquanto o público mais jovem aumentou bastante”, disse Elaine Nunes, diretora comercial e de marketing da editora. “O público juvenil é muito intenso e vibrante, são leitores apaixonados por livros e isso, agregado à algumas editoras que fizeram ação nos estandes com brindes, acabou gerando muito congestionamento nos corredores, o que dificultou a circulação até o estande da Cortez”, disse.