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Autoridade monetária se queixar do mercado é igual marinheiro se queixar do mar, diz Galípolo | Finanças

Redação
por Redação

O diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse na noite desta quinta-feira (28) que “autoridade monetária se queixar do mercado é igual marinheiro se queixar do mar”. Ele foi questionado sobre a reação negativa dos mercados ao pacote fiscal anunciado pelo governo.

O diretor de política monetária do BC também comentou que vários temas enfrentados no pacote fiscal apresentado pelo governo são delicados e que “o trabalho conjunto do Ministério da Fazenda e da Casa Civil foi importante”. “Eu presenciei isso.”

Ele voltou a dizer que tem “convicção do empenho” do ministro Fernando Haddad em endereçar desafios do país, mas acrescentou que “às vezes, as condições materiais vão se impondo. “É um processo natural da sociedade democrática.”

Galípolo evitou comentar diretamente as medidas apresentadas no pacote e disse que a leitura que o BC faz sobre o fiscal é sempre sobre como ele pode afetar a inflação.

Sobre o cenário interno, ele afirmou que o país começou o ano com uma previsão de crescimento muito inferior à atual e houve sucessivas revisões nas previsões de PIB e inflação. Comentou ainda que “não há bala de prata” para lidar com o fato de que o país convive com taxas de juros mais elevadas, enquanto assiste à resiliência da atividade econômica.

No cenário externo, acrescentou, há mais pressão inflacionária vinda dos EUA, o que se refletiu sobre o real. “O real foi uma das moedas afetadas, com performance mais acentuada até, seja por questões estruturais ou idiossincrasias locais”, disse.

Galípolo afirmou que “às vezes a polarização que a gente assiste leva também às polarizações de raciocínio”. “Isso leva até a raciocínio de que a política monetária ou os preços do mercado estejam de alguma forma representando algum tipo de punição”, acrescentou. Ele frisou que o BC é guiado pelo seu mandato e segue firme no objetivo de perseguir a meta de inflação.

“Não aplicar o remédio [subir os juros, para se chegar na meta] seria muito mais danoso ao paciente”, afirmou. “Tenho certeza que o impacto pior seria não agir.”

De acordo com o diretor do BC, junto a isso, “é preciso atuar nas causas”. Galípolo afirmou que “muitas vezes as evoluções acontecem de maneira menos rápida e linear do que gostaríamos”, mas que isso faz parte do processo democrático. “Acho que a sociedade vem amadurecendo no sentido de atacar algumas causas do problema”, acrescentou.

Galípolo frisou que “todos no BC estão muito incomodados com a desancoragem das expectativas e com a inflação corrente”, apesar do “avanço histórico muito importante”.

O diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo — Foto: Ton Molina/Bloomberg

Fonte: Externa

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