A atual gestão da Americanas deve aproveitar uma próxima assembleia-geral de acionistas e embutir na pauta um item adicional com o objetivo de obter autorização para processar os responsáveis pela fraude bilionária realizada no âmbito da companhia. Segundo o Valor apurou, a medida segue a sinalização dada pela nova direção da empresa à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pela Câmara dos Deputados no ano passado e segue o que está estabelecido na Lei das S.A.
Com essa aprovação, a atual gestão da companhia passaria então a ter a “batuta” para procurar advogados e buscar ressarcimentos. Um aspecto que será observado é se haverá alguma decisão judicial para bloquear os bens dos citados no esquema, o que pode ajudar a companhia no esforço de recuperar recursos.
Na Operação Disclosure, da Polícia Federal (PF), foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores da Americanas. A corporação também informou que a Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores desses ex-diretores “que somam mais de meio bilhão de reais”. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
As investigações apontaram a realização de fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual uma varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto a bancos, e envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC). Também foram apurados indícios de manipulação de mercado usando informação privilegiada, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
As fraudes chegam ao montante de R$ 25,3 bilhões, diz a PF, citando fato relevante publicado pela própria Americanas.