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Após denúncia de sucateamento, MP vai monitorar remodelação de órgão que estudava dengue em SP

Redação
por Redação

A Secretaria de Estado da Saúde e a Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), que tem sede em Campinas (SP), vão elaborar uma proposta para a remodelação do Instituto Pasteur. A decisão foi acordada durante uma reunião realizada nesta terça-feira (13) com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Com o fim da Sucen, os servidores foram realocados para o Pasteur e a outras repartições. Além disso, 14 laboratórios deixaram de estar vinculados a uma instituição, o que impediu a compra de materiais e manutenção de estruturas fundamentais para o trabalho dos pesquisadores.

Como consequência, ficaram em estado de abandono e as pesquisas foram impossibilitadas, segundo a associação.

Segundo o MP, os pesquisadores entregaram uma proposta, para a Secretaria, que se alinha com a remodelação que se pretende realizar no Pasteur. A pasta deve receber representantes do Instituto e dos pesquisadores para que, juntos, elaborem uma proposta que contemple as partes.

Questionada sobre o assunto, a Secretaria de Estado da Saúde informou que participou de reunião com o Ministério Público para tratar do tema, “promovendo o diálogo contínuo sobre o assunto. As demandas estão em análise pela equipe técnica da Pasta, com a adequada participação dos envolvidos. Os resultados serão apresentados oportunamente”.

👇 Abaixo você vai conferir:

A proposta apresentada na reunião pela APqC à Secretaria Estadual da Saúde prevê, principalmente:

Além de resolver o problema dos laboratórios regionais e garantir o retorno de novas pesquisas, o projeto de reestruturação também contempla uma redução de custos para o Estado. Conforme organograma e planilhas apresentadas:

A Sucen foi criada há mais de 50 anos e, como o próprio nome diz, surgiu com a intenção de controlar doenças endêmicas. Além de apoiar cidades maiores, os estudos também contribuíam para a criação de políticas públicas estaduais.

Porém, em outubro de 2020, o governador João Doria sancionou a lei 17.293, que determinava extinção da Superintendência. O texto foi efetivado por meio de um decreto de Rodrigo Garcia em abril de 2022 e, desde então:

“Embora os servidores tenham sido transferidos, não se deu condição para continuar o trabalho. O Pasteur não tem estrutura para receber, não tem estrutura nem legal para fazer uma compra de insumos para os laboratórios que eram da Sucen, de oferecer manutenção para os equipamentos desse laboratórios”, detalhou a presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens.

🔬 Equipamentos sem manutenção: um exemplo desse desmonte está no laboratório central, localizado na Rua Paula Souza, na Capital Paulista. Por lá, 20 microscópios (bacteriológicos e estereoscópicos), pipetas usadas para dosar insumos e amostras, além de uma geladeira e um freezer -70ºC, compartilhado com outros laboratórios, estão sem manutenção.

👩‍🔬 Falta de servidores: outro problema, segundo a APqC, é a falta de servidores. Um estudo desenvolvido pelo órgão indicou que dos 22,9 mil cargos de apoio à pesquisa científica existentes em cinco áreas do Governo do Estado, 16,8 mil estão vagos – o que representa 73%. Entre as áreas afetadas está, justamente, a antiga Sucen.

A presidente da APqC explica que, em meio às mudanças climáticas e à alta nos casos de dengue, a realização de pesquisas é indispensável para a criação de ações de prevenção e combate. Isso porque as endemias podem sofrer mudanças e cabe à ciência estar atenta a elas.

“Por exemplo, a gente já teve a observação de colegas que perceberam que a larva do mosquito da dengue levava sete dias para eclodir. Agora já se sabe que isso acontece em três dias depois da postura do mosquito. Só que não conseguimos fazer estudos porque faltam insumos”.

Procurada pelo g1 em fevereiro, a Secretaria de Estado da Saúde havia dito que que a “Superintendência de Controles de Endemias (Sucen) foi incorporada à Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), da SES, como parte da modernização da Vigilância em Saúde do Estado”.

Informou ainda que a mudança resultou na integração das ações e que ampliou as iniciativas técnicas e estratégicas de vigilância e controle de endemia. “Todas as pesquisas passam por aprovação ou não dos conselhos responsáveis por sua análise e a recusa de quaisquer que sejam não tem relação nenhuma com a mudança de controle da Superintendência”.

A pasta diz que as atividades regionais da Sucen estão vinculadas aos Grupos de Vigilância Epidemiológica (GVE) e Grupo de Vigilância Sanitária (CVS) estadual e que não há nenhum indício de sucateamento nos laboratórios. Porém, não esclareceu se esses espaços estão ou não vinculados a alguma entidade, como questiona a APqC.

“A SES acrescenta que nenhum serviço foi interrompido e os empregos dos profissionais da Sucen foram mantidos. Não há falta de insumos e manutenções, bem como não há pesquisas paralisadas em razão da incorporação da Sucen à CCD”, completa.

Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.

Fonte: Externa

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