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Apenas um brasileiro tem a medalha mais difícil da Olimpíada: ‘maior conquista’ | Olimpíada 2024

Redação
por Redação

Subir no degrau mais alto do pódio dos Jogos Olímpicos e levar uma medalha de ouro para casa é o sonho de todo atleta de alto rendimento. Porém, há uma outra medalha entregue pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) ainda mais importante e difícil de conquistar: a medalha Pierre de Coubertin.

A medalha confere alta honraria ao reconhecer grandes ações que envolvem o espírito esportivo nos Jogos. Ou seja, destaca atletas que passaram por situações que refletem os valores morais desportivos.

Para se ter uma ideia, apenas um atleta na América Latina tem essa medalha — e é do Brasil. O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima a recebeu na Olimpíada de Atenas, em 2004, depois de ser agarrado por um espectador ao fim de uma corrida em que ele era o líder. Por conta do ataque, Vanderlei perdeu a medalha de ouro e terminou a competição com uma de bronze.

O gesto de superação e espírito esportivo ao aceitar a posição no pódio ganhou reconhecimento internacional, o que lhe garantiu a Medalha Pierre de Coubertin pelo COI em homenagem à sua bravura e comportamento exemplar durante o evento.

“Essa medalha veio para coroar uma vida dedicada ao esporte. Olho um pouco da minha história e vejo tudo que passei. Ter o reconhecimento atual, sem dúvida, acho que é a minha maior conquista. A minha história se identifica com a história do brasileiro, que sempre está acreditando que o amanhã as coisas serão melhores”, diz Vanderlei em entrevista ao Valor.

Desistir não era opção

Neste ano, fazem 20 anos após a sabotagem sofrida por Vanderlei, o que lhe fez perder a medalha de ouro naquela maratona. O ex-atleta diz que, mesmo perdendo o ouro, desistir não era opção. “Para mim, ter aquela atitude [de continuar] e ser desse jeito é algo comum. Do meu ponto de vista, não fiz nada do que sempre foi a minha vida, mesmo que com algum tropeço ou obstáculo, é se deparar diante dele e superar”, diz.

Vanderlei foi interrompido por espectador enquanto liderava a prova, mesmo assim foi até o final e terminou em terceiro — Foto: Koji Sasahara/AP

Fora das maratonas, Vanderlei integra o primeiro grupo de ex-atletas que serão embaixadores na Olimpíada de Paris 2024, a convite do Comitê Olímpico Brasileiro. O ex-atleta avalia que as novas gerações de atletas de alto rendimento precisam se dedicar, manter o foco e a concentração para alcançar seus objetivos — e inclui que a concorrência desleal do mundo virtual por atenção pode interferir no descanso e na concentração dos jovens atletas.

“Vejo assim, o atleta tem que ter a responsabilidade de se blindar de tudo que está ao seu redor para não tirar o foco e nem a concentração dele. Principalmente nesses momentos finais que antecedem esse grande momento, não só de participar dos Jogos, mas nessa entrega de sempre fazer o melhor”, diz.

Medalha Pierre de Coubertin

A medalha carrega o nome do historiador Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos da Era Moderna, e também é conhecida como Medalha do Espírito Esportivo. Ela é concedida, conforme o COI, a atletas que demonstram o verdadeiro espírito esportivo, enfatizando valores como fair play e o respeito pelas regras e adversários.

Ao Valor, o historiador e pesquisador do Museu Olímpico do Rio Bruno Pagano explica que o espírito e o ideal esportivo que envolvem as Olimpíadas não se definem apenas pelas medalhas de ouro, prata e bronze oferecidas aos primeiros colocados e que a honraria extra celebra grandes feitos para além do pódio.

“Algumas histórias valem mais que qualquer ouro olímpico, por representar o verdadeiro espírito esportivo. [Essa medalha] é uma honraria esportiva humanitária que celebra grandes feitos que estão além de qualquer classificação, representando o espírito olímpico em sua essência e o poder transformador do esporte”, diz.

Desde sua criação, em 1997, Pagano explica que a medalha Pierre de Coubertin foi concedida a um número limitado de atletas e figuras esportivas cujas ações exemplificam o espírito olímpico.

Luz Long, um atleta alemão, recebeu a medalha postumamente por sua ação nos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936. Long ajudou Jesse Owens, seu principal concorrente, a ajustar sua marca de salto, o que permitiu a Owens ganhar a medalha de ouro.

Outro exemplo é Eugenio Monti, um atleta italiano de bobsleigh que ganhou a medalha por sua atitude de fair play nos Jogos Olímpicos de Inverno em Innsbruck. Monti emprestou uma peça de seu trenó à equipe britânica, o que os ajudou a vencer a competição.

Fonte: Externa

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