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Acho que estão querendo puxar o meu tapete no trabalho. O que fazer? | Carreira no Divã

Redação
por Redação

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Lembrei-me de uma história que ocorreu em uma grande empresa nacional. Durante a seleção do programa de trainees, um candidato foi questionado sobre a sua ambição e visão de futuro. Sem pestanejar, o jovem olhou para o diretor de operações e disse: “eu quero o seu lugar.” O silêncio se estabeleceu na sala. Ninguém ousou dizer nada. Todos aguardavam a reação daquele que ocupava a segunda cadeira mais importante da empresa.

A resposta do executivo, cuja senioridade era revelada pelos cabelos brancos e rugas no rosto, refletiu a cultura daquela organização, conhecida pela obsessão por resultados e performance. O jovem foi aprovado no processo por demonstrar a “garra” e a “determinação” tão admiradas na empresa.

Essa atitude não seria obviamente apreciada em todos os contextos e empresas. Por isso, não é de se estranhar algum desconforto diante do comportamento do novo colega. A ambição, assim como a agressividade, pode ser facilmente confundida, quando em níveis elevados, com desonestidade ou falta de ética, tornando-se uma ameaça para o gestor e para o time.

Mas, e se essa ameaça for, na verdade, uma oportunidade?

Colunista aconselha que leitora olhe além dos estereótipos e da ameaça — Foto: Freepik

Pesquisas sobre o “efeito rival” mostram que a competitividade pode elevar o desempenho do time. Quando confrontados com uma figura que desafia o status quo, nosso cérebro recebe um empurrão químico: a dopamina, neurotransmissor ligado à motivação e à sensação de recompensa.

Sim, o desconforto é real. Mas também pode ser o catalisador para buscar novos horizontes e reinventar a roda, a partir de uma possível perspectiva de desligar o piloto automático.

Olhe além dos estereótipos e da ameaça. Enxergue o potencial desse colega como uma força que pode impulsionar você e a sua área. Reconheça os pontos fortes que podem ser úteis, estimular o desenvolvimento de novas habilidades, impulsionar novas frentes e projetos, e alçar o time a um novo patamar. Fique de olho também nas entregas do colega, bem como na reação dos demais integrantes da equipe à agressividade, para assegurar um ambiente de segurança psicológica, além de um resultado bom e justo para todos.

Logo, a minha sugestão é: transforme o incômodo em aprendizado. Se não puder ser amigo do recém-chegado, seja estratégico. Afinal, como dizia o lendário Michael Corleone em O Poderoso Chefão – Parte II: “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda.”

Mariana Clark é psicóloga, especialista em saúde mental, perdas e luto no contexto organizacional e escolar.

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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

Fonte: Externa

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