Parlamentares brasileiros e estrangeiros defenderam maior participação política de mulheres e igualdade de gênero na abertura da 10ª Cúpula dos Presidentes dos Parlamentos do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), realizada no Congresso Nacional, em Brasília.
Líder da bancada feminina no Senado, a senadora Leila Barros (PDT-DF) afirmou que a reunião anterior lançou um documento, batizado de “Carta de Alagoas”, que identificou três áreas prioritárias para atuação dos Legislativos: justiça climática e desenvolvimento sustentável para mulheres e meninas; a ampliação da representatividade feminina em espaços decisórios e o combate às desigualdades de gênero; e promoção da autonomia econômica das mulheres.
“Esse documento é mais do que uma carta de intenções; é um compromisso concreto, que precisa ser sustentado por ações legislativas, políticas públicas e cooperação internacional”, discursou Leila. “Este Fórum deve ser um espaço para promover iniciativas que garantam o acesso igualitário ao emprego, à educação financeira e aos mecanismos de proteção social, criando condições para que as mulheres possam prosperar economicamente”, disse.
A parlamentar disse ainda que a democracia precisa de mais representatividade feminina na política. “A sociedade só pode ser verdadeiramente democrática e justa quando as mulheres estão igualmente representadas nas decisões que impactam as suas vidas e suas comunidades. Encorajam os parlamentares, e principalmente as parlamentares aqui presentes, refletirem sobre os avanços e desafios que cada um dos nossos países enfrenta nesse sentido”, pontuou.
A presidente da União Interparlamentar, Tulia Ackson, que representa a Tanzânia, afirmou na cerimônia que a desigualdade de gênero está “entrincheirada” em decisões políticas e que as mulheres são apenas 23% dos integrantes dos Parlamentos do mundo.
“Temos que garantir paridade de 50% a 50% nos Parlamentos, para que isso seja a norma, e não a exceção. A paridade garante que nossas políticas sejam mais legítimas e efetivas, refletindo a diversidade das pessoas”, disse.
Ela destacou que muitos Parlamentos chegaram à paridade devido à política de cotas, mas que isso não é suficiente e 80% das mulheres eleitas sofreram violência psicológica durante seu mandato. “Essa situação não é aceitável, especialmente em instituições que deveriam dar um exemplo”, afirmou.
Segunda-secretária da Câmara, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que as mulheres são as principais atingidas pela emergência climática. “É hora de sairmos da gestão exclusivamente da tragédia que já aconteceu para a possibilidade de fazermos a prevenção, em todos os sentidos, desses eventos climáticos graves e da forma como impactam a população”, disse.
A petista disse que o encontro do P20 “amarra elementos e oferece perspectivas para todas as comunidades ao redor do mundo”. “A representação das mulheres, além de ser positiva por si, ela carrega a responsabilidade de fazer diferente do que talvez a política tenha feito até os dias atuais para essas populações desassistidas”, comentou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que o avanço da pauta dos direitos das mulheres no Brasil é resultado do esforço da bancada feminina. “Não há como falar de combate à fome, à pobreza e à desigualdade se não avançarmos na promoção da igualdade de gênero, da autonomia econômica feminina e da superação do racismo. Essas são condições essenciais para que todas as mulheres possam viver com dignidade e ser livres para ocupar os espaços que desejam”, discursou.
O P20 promoverá três dias de debates em Brasília sobre temas como justiça climática, participação feminina na política e perspectivas de desenvolvimento de gênero e raça.