Hall de entrada que é uma autêntica galeria de arte, empena lateral transformada em painel e oferecida como gentileza urbana, canteiros de obra que recebem eventos e instalações artísticas… A arte entrou de vez nas estratégias comerciais e institucionais das incorporadoras de alto padrão, acelerando as vendas e agregando valor às marcas.
“Optamos por criar um espaço com arte por seu valor intangível e pela sintonia com a fachada, que tem um traço mais escultural, desenvolvida pelo escritório norte-americano Gensler”, afirma o vice-presidente de Negócios da Gafisa, Luis Fernando Ortiz. A curadoria é da Viva Projects.
Para o executivo, o impacto criado nos compradores foi muito maior e mais positivo do que qualquer revestimento nobre que pudesse estar ali. “É muito difícil surpreender um cliente de luxo, e a arte auxilia nesse sentido, estabelecendo um diálogo diferente a partir do conteúdo que oferece”, diz Ortiz.
A estratégia da Gafisa incluiu uma revista sobre o projeto, exposição “petit comité” no lançamento, estande-butique de vendas e, por fim, um vernissage exclusivo no espaço apenas para moradores.
Em São Paulo, a Marquise Incorporações lançou nos Jardins o edifício 319 Padre João Manuel, que contará com um painel do Estúdio Campana em uma das empenas. Como o prédio não terá muros, a obra de arte poderá ser vista e apreciada da rua.
“Colocamos na parte externa para que todas as pessoas possam ter acesso. É uma gentileza urbana para agregar valor à companhia, não apenas para estimular as vendas”, conta o gerente de Marketing da Marquise Incorporações na capital paulista, Rodrigo Souza.
O projeto é da aflalo/gasperini arquitetos, com interiores de João Armentano e paisagismo de Benedito Abbud. No estande de vendas, a incorporadora instalou a obra “Pele”, também dos irmãos Campana, como um aperitivo do que será entregue em janeiro de 2026.
Em Curitiba (PR), quem adota a estratégia é a MDGP. A incorporadora-butique já tem dois empreendimentos entregues com painéis internos criados pelo escritório Burle Marx. Agora, prepara-se para trazer a primeira obra do Estúdio Campana para a capital paranaense.
“Será uma escultura metálica imponente, com pedras de rio suspensas, colocada bem na fachada do Edifício Amira Cabral, que será entregue em 2026”, conta a coordenadora de Marketing da companhia, Larissa Marinero. “A ideia é que as pessoas possam tocar e interagir com a obra. Queremos tornar esse prédio uma referência de arte na cidade”, antecipa.
Quem também tem apostado em arte é a Helbor Empreendimentos S/A. Desde 2023, a empresa tem promovido o evento Real Estate of Art: uma exposição realizada nos canteiros de obra. Em abril passado, cerca de 400 pessoas visitaram a mostra nas duas noites da ação.
“É uma maneira de nos aproximar dos nossos clientes que vai além do morar, oferecendo uma forma mais lúdica de explorar a obra do prédio em si”, explica a diretora de Marketing da Helbor, Fabiana Lex. “Enquanto olhavam as instalações de arte, eles foram descobrindo as dimensões da sala e a vista da varanda”, diz.
Para ela, a inclusão da arte na estratégia da companhia tem ajudado no posicionamento da marca. “Recebemos muitos apreciadores de arte nos eventos. São formadores de opinião de fora do mercado imobiliário, e isso agrega valor, além de ajudar a atrair novos clientes.”
Na região central de São Paulo, o apelo da arte tem acelerado as vendas dos prédios da incorporadora Somauma. Nos últimos três anos, a empresa disponibilizou os edifícios Virgínia e Misericórdia — que passam por obras de retrofit — para receber instalações artísticas durante a agenda da Design Week. “No Virgínia, foram 15 mil pessoas nas edições de 2022 e 2023. Já o Misericórdia atraiu esse público apenas na ativação que fizemos em abril deste ano”, conta o sócio e diretor de Desenvolvimento da Somauma, Marcelo Falcão.
Como resultado, o Virgínia — que tem térreo com loja de arte e design, cervejaria artesanal e espaço cultural — chegou a 70% das unidades vendidas em 45 dias depois do lançamento, em janeiro. Já no projeto do Largo da Misericórdia, no Centro Histórico, a lista de pessoas interessadas e cadastradas depois do evento é maior do que o número de apartamentos disponíveis.
MERCADO GLOBAL DE BEM-ESTAR: US$ 5,6 TRI ENTRE 2020 E 2022
O estudo “A Economia Global do Bem-Estar: Brasil”, da Global Wellness Institute (GWI), patrocinado pela AG7 (incorporadora de “wellness building” focada em alto luxo), mostra que esse mercado movimentou cerca de US$ 5,6 trilhões entre 2020 e 2022 — quase US$ 400 bilhões referentes ao setor imobiliário. A pesquisa envolveu mais de dez segmentos, como Alimentação Saudável, Atividade Física e Turismo de Bem-Estar. O Brasil lidera o setor na América Latina.
EZTEC E LINDENBERG LANÇAM ESTÚDIOS NO BROOKLIN
Com VGV de R$ 67,5 milhões, o Brooklin Studios by Lindenberg terá unidades para locação “short stay”, apartamentos residenciais e três lojas no térreo. O projeto é da LE Arquitetos, com interiores de Carlos Rossi e paisagismo de Benedito Abbud. Entre os “amenities”, coworking, espaço fitness, lavanderia e menu de serviços pagos.
HISTÓRIA DA FORMA É TEMA DE EXPOSIÇÃO NA GALERIA TEO
Acontece até o dia 16 de agosto, na Galeria Teo, em São Paulo, a exposição “Dar Forma à Forma”, sobre os 60 anos de história da icônica empresa de móveis fundada em 1955. No total, serão expostas 160 peças do design moderno nacional e internacional, assinadas por nomes como Florence Knoll, Harry Bertoia e Le Corbusier.