As expectativas do mercado para um aumento da taxa de juros do Banco do Japão (BoJ) neste mês caíram após uma reportagem da mídia local lançar dúvidas sobre uma alta. As previsões pouco se alteraram, mesmo depois que um dos membros mais “dovish” (favorável ao afrouxamento monetário) do conselho de política monetária declarou que não se opõe a taxas mais altas.
Ainda assim, o iene subiu até 0,6%, e os futuros de títulos do governo japonês caíram devido à mudança em relação aos comentários mais “dovish” de Nakamura feitos anteriormente.
Um relatório da Jiji Press na quarta-feira (4) indicou que, dentro do BoJ, cresce a visão de que um aumento prematuro das taxas deve ser evitado, a menos que haja um grande risco de os preços ao consumidor subirem devido a fatores como o enfraquecimento do iene. Isso contrastou com as declarações do chefe do BoJ, Kazuo Ueda, em uma entrevista ao Nikkei, de que os aumentos das taxas estavam “se aproximando” à medida que a inflação e as tendências econômicas se desenvolvem em linha com as previsões do banco central.
“Se a informação foi divulgada com intenção pelo BoJ, ele pode estar tentando evitar o mal-entendido de que já decidiu aumentar as taxas de juros na reunião de dezembro”, escreveu Yusuke Matsuo, economista sênior de mercado na Mizuho Securities, em nota, referindo-se ao relatório da Jiji.
Com a perspectiva de uma política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também incerta, os amplos diferenciais de taxas entre o Japão e outras economias podem manter o iene fraco. Nakamura afirmou que uma decisão não foi tomada para dezembro, e que está observando de perto o Tankan e os dados salariais antes da reunião do banco central. O iene havia reduzido seus ganhos anteriormente após Nakamura dizer que não está confiante na sustentabilidade dos aumentos salariais.
“Os comentários de Nakamura foram menos dovish do que o mercado esperava”, disse Keiko Onogi, estrategista sênior da Daiwa Securities. “Os investidores estão tentando descobrir como interpretar estes comentários e as reportagens da mídia sobre o BoJ, e a comunicação com o mercado está se tornando mais complexa”, acrescentou Onogi.