O Catar ordenou que os líderes do Hamas deixassem o país após pressão de Washington, em uma mudança significativa na política do Estado do Golfo, informou nesta sexta-feira (8) o jornal britânico “Financial Times”.
Doha se tornou um interlocutor crucial nas negociações de reféns entre Israel e o Hamas após o ataque mortal do grupo militante no sul de Israel em outubro de 2023, no qual matou 1.200 israelenses e fez mais de 250 reféns, de acordo com autoridades israelenses.
A ofensiva subsequente de Israel em Gaza matou mais de 43.000 palestinos, de acordo com autoridades palestinas. Mais de 100 reféns israelenses foram libertados em um acordo no ano passado que o Catar ajudou a intermediar. Mas as negociações estão em um impasse desde então, e Doha foi informada de que, após o fracasso de “repetidas propostas para libertar reféns, os líderes [do Hamas] não deveriam mais ser bem-vindos nas capitais de nenhum parceiro americano”, disse um alto funcionário do governo Biden.
“Deixamos isso claro para o Catar após o Hamas rejeitar, semanas atrás, outra proposta de libertação de reféns”, disse a autoridade.
A autoridade acrescentou que, embora o Catar tenha desempenhado um papel fundamental na tentativa de negociar um cessar-fogo e a libertação dos reféns israelenses restantes mantidos pelo grupo militante no ano passado, “após a recusa repetida do Hamas em libertar até mesmo um pequeno número de reféns, incluindo mais recentemente durante reuniões no Cairo, sua presença contínua em Doha não é mais viável ou aceitável”.
Uma pessoa familiarizada com o assunto disse que figuras do Hamas no Catar se mudariam para a Turquia. O país abrigou por muito tempo agentes políticos do Hamas e, desde o início da guerra em Gaza, o presidente Recep Tayyip Erdoğan tem sido vocal em seu apoio ao grupo.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia não respondeu a um pedido de comentário.