Aos 60 anos, a candidata democrata Kamala Harris pode entrar para a história como a primeira mulher a ocupar a presidência dos Estados Unidos, caso seja eleita no pleito desta terça-feira (5). Também pode se tornar a segunda pessoa negra a comandar a Casa Branca. A primeira foi o ex-presidente Barack Obama — que ficou no poder entre 2009 e 2017.
Ao longo de 236 anos de história, os Estados Unidos já tiveram 46 presidentes, começando por George Washington, que foi eleito em 1789, até o atual mandatário, Joe Biden.
Assim, se Kamala for eleita, os Estados Unidos entram para o clube de países que já tiveram mulheres na presidência ou no cargo de primeira-ministra. É o caso da Alemanha (Angela Merkel), do Reino Unido (Margaret Thatcher), do Brasil (Dilma Rousseff) e da Argentina (Cristina Kirchner).
O currículo de Kamala conta com diversos feitos, como ter sido a primeira procuradora-geral do Estado da Califórnia. A democrata também foi a primeira vice-presidente dos Estados Unidos. Antes dela, a republicana Sarah Palin havia concorrido à vice-presidência em 2008, assim como a democrata Geraldine Ferraro, em 1984. Em ambos os casos, as chapas foram derrotadas nas urnas.
Kamala não é a primeira mulher a disputar a cadeira da presidência — é, porém, a primeira mulher negra. Em 2016, a democrata Hillary Clinton concorreu ao cargo contra Donald Trump, mas não foi eleita. Outras mulheres já tinham tentado o feito antes dela, mas por partidos de menor relevância, de acordo com o Center for American Women and Politics.
Kamala entrou para a disputa depois que a corrida eleitoral já tinha começado. Isso aconteceu porque o então candidato democrata era Joe Biden, que visava a reeleição. Entretanto, o mandatário foi ‘massacrado’ por Trump no primeiro debate da campanha, em 27 de junho, o que levou o partido a procurar uma alternativa para o pleito. Rapidamente, a vice-presidente consolidou o apoio dos dirigentes mais poderosos para sua nascente candidatura.
Por já estar inscrita na chapa de Biden, passou a ter acesso imediato às doações para a campanha do partido, sem a necessidade realizar “miniprimárias”. Entretanto, ela teve menos tempo para se tornar nacionalmente conhecida, apesar do apoio de casais importantes na esfera política, como Barack e Michelle Obama e Bill e Hillary Clinton.
Com base em uma retórica de defesa da democracia e de propostas de aumentar a taxação de lucros de grandes empresas e reverter um corte de impostos sobre grandes fortunas, Kamala ancorou sua campanha no discurso anti-Trump, uma estratégica viável para uma campanha mais reduzida.
Kamala Devi Harris nasceu em 1964 em Oakland, na Califórnia, filha de mãe indiana e de pai negro jamaicano – ela se identifica como negra. Eles se conheceram enquanto participavam de movimento por direitos civis.
A mãe, Shyamala Gopalan, migrou da Índia para os Estados Unidos no fim dos anos 50, com apenas 19 anos, para estudar administração em Berkeley, onde se tornou ativista pelos direitos civis.
O pai, Donald Jasper Harris, foi professor de Economia em Stanford. Como bolsista do programa Fullbright, viajou várias vezes ao Brasil para ministrar cursos em várias instituições brasileiras, incluindo a Universidade de Brasília (UnB), entre 1978 e 1990.
