O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta quarta-feira que não foi consultado por nenhum integrante do governo sobre eventuais cortes ou mudanças no seguro-desemprego e no abono salarial.
Minutos depois, mais uma vez questionado sobre o tema, Marinho respondeu, irritado, que não foi procurado sobre cortes de gastos em benefícios vinculados ao Ministério do Trabalho. “Não me consta que nenhum ministro de Estado tenha discutido esse assunto.”
“Se ninguém conversou comigo, não existe. Eu sou responsável pelo trabalho e emprego. A não ser que o governo me demita”, falou o ministro. “Seguro-desemprego não é gasto.”
Marinho afirmou que uma eventual decisão do governo sobre cortes ou mudanças em políticas vinculadas à sua pasta, sem sua participação, seria uma “agressão”.
Ele também foi questionado sobre se pediria demissão caso alguma discussão prosperasse nesse sentido: “Se eu for agredido, é possível. Nunca fui”, respondeu.
Técnicos da equipe econômica do governo Lula, conforme já mostrou o Valor, realizam estudos sobre mudanças em benefícios vinculados ao Ministério do Trabalho, como seguro-desemprego e abono salarial.
“Se tem técnicos estudando para depois sugerir ao chefe [ministro], deveria ter mais cautela antes de defender na imprensa”, falou o ministro. “Não tem debate de cortar abono, seguro-desemprego ou acabar com a multa do fundo de garantia”, repetiu.
Um pouco depois, no entanto, afirmou não querer desestimular técnicos a fazerem estudos. “Pelo contrário, só não divulguem antes que ele seja homologado”, respondeu.
Segundo ele, mudanças nesses programas não resolvem o problema do déficit público no país. “Só se alguém que não entende nada vai achar que isso vai resolver”, comentou aos jornalistas.
Questionado se o Brasil precisa cortar despesas, Marinho respondeu que o país precisa “cortar juros” para crescer mais. Ele também comentou que é obrigação dos gestores combater fraudes caso haja desvios nos programas.