O debate promovido pela TV Record entre os seis principais candidatos à Prefeitura de São Paulo realizado na noite deste sábado (28), começou com o prefeito da capital e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) como o principal alvo das críticas dos adversários, inclusive de Marina Helena (Novo). Em tom menos agressivo do que nos debates anteriores, Pablo Marçal (PRTB) também centrou seus ataques ao prefeito e voltou a falar que Nunes é investigado por supostos desvio de recursos de creches municipais. O vice do prefeito, Mello Araújo (PL), também foi criticado.
Além de Nunes, Marina e Marçal, participaram também Guilherme Boulos (Psol), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB).
Marçal desrespeitou as regras, ao usar um apelido pejorativo contra Boulos, e perdeu 30 segundos nas considerações finais. Se for advertido mais três vezes, será expulso. No decorrer do primeiro bloco, os candidatos pediram sete direitos de resposta, mas todos foram negados.
No início do debate, Boulos e Datena fizeram uma dobradinha para criticar os problemas na área social, como as 80 mil pessoas em situação de rua e a fila de cerca de nove horas para ser atendido em uma unidade de saúde (UPA). O candidato do Psol, empatado na liderança das pesquisas de intenção de voto, pediu um voto de confiança do eleitoral e disse que pretende “devolver a esperança e a capacidade de sonhar”.
Marçal escolheu Nunes para fazer uma pergunta e citou os problemas na área de educação, com a chamada “máfia das creches”, investigada pela Polícia Federal. O prefeito supostamente estaria envolvido no esquema, mas não foi indiciado. O candidato do PRTB citou o desvio de recursos de merenda, disse que há pagamentos irregulares em nome de Nunes e de seus familiares e pediu explicações do prefeito. No primeiro momento mais tenso do debate, Nunes subiu o tom e disse que Marçal “fugiu da polícia” e foi preso, por participação em uma quadrilha de fraude bancária. “Você é mentiroso contumaz. Você foi condenado a quatro anos e cinco meses. Só nas eleições foi condenado 22 vezes por fazer mentira contra minha família”, disse Nunes.
O postulante do PRTB fez um pedido de direito de resposta, que foi negado.
“Foram feitas três perguntas para o Ricardo, ele não respondeu. Ele não pode ser gestor de São Paulo no próximo mandato se tem análise de fraudes no mandato dele e ele não sabe responder. Entre nós, ele parece ser o menor. Não justifica estar em um debate e não responder pergunta”, comentou Marçal.
Marina Helena também criticou o prefeito e lançou suspeitas sobre supostos gastos irregulares na campanha, com a contratação de carros de aluguel, e também mencionou os contratos sem licitação nas obras emergenciais da gestão Nunes.
Boulos também mencionou o fato de o prefeito não ter respondido a uma pergunta da jornalista da Record que questionou Ricardo Nunes sobre o apoio de Jair Bolsonaro e se o ex-presidente iria indicar cargos para gestão caso ele fosse reeleito. O candidato a vice de Nunes, Ricardo Mello Araújo (PL), foi indicado por Bolsonaro. O prefeito não respondeu a pergunta nem mesmo quando teve direito a tréplica.
“Ele não responde nunca, é um método dele”, afirmou Boulos. “Algumas coisas não têm resposta, como quando ele ficou três anos e meia e não fez nada”.
Datena usou sua experiência como apresentador de programas policiais e fez um discurso crítico contra a falta de segurança na cidade.
Tabata evitou fazer uma dobradinha com Boulos e confrontou o candidato sobre a mudança de suas declarações sobre aborto, legalização de drogas, sobre a Venezuela e também sobre o modelo de gestão por meio das Organizações Sociais. O candidato do Psol disse lamentar que a adversária do PSB tocasse em temas que não estão relacionados diretamente com a cidade e disse que, se eleito, governará para todos, não só para quem tem um pensamento semelhante ao seu.
Boulos citou o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, na sequência, criticou a gestão de Nunes. “Quando você vê a propaganda de Nunes, parece um mundo paralelo. Uma coisa é propaganda a outra é a realidade. Julguem vocês mesmos. O problema da fila na saúde é grave”, disse, afirmando que fará com apoio de Lula o Poupatempo da Saúde.