A suspensão nesta sexta-feira (30) do X (o antigo Twitter) no Brasil, por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes fez com que usuários brasileiros buscassem refúgio em plataformas criadas para concorrer com a rede de Elon Musk.
Uma outra opção é o Mastodon, rede fundada pelo alemão Eugen Rochko e que está na disputa pelos insatisfeitos com o X desde 2016.
Antes de receber brasileiros após a suspensão do X, essas plataformas já vinham reunindo descontentes com os rumos que o antigo Twitter tomou após a compra por Musk, em 2022.
Mas, com a polêmica judicial, houve uma aceleração: na quarta-feira (28), o Bluesky teve um pico de 2,07 milhões de postagens. E, nas últimas 24 horas, entre sexta e sábado, o português (73,7%) superou o inglês (16,5%) entre as línguas mais usadas para publicar mensagens, segundo dados confirmados pela plataforma.
Neste sábado, a Meta utilizou a base de mais de 2 bilhões de usuários do Instagram para promover o Threads. Em meio ao impasse entre Musk e a Justiça brasileira, anúncios apareceram em destaque no app de fotos e vídeos mirando novos usuários. “Participe da conversa no Threads. Confira o que as pessoas estão dizendo e fique por dentro de assuntos do seu interesse”, dizia um deles.
Procurada neste sábado (31) para comentar o aumento na procura por usuários brasileiros após a debacle do X, a Meta não havia respondido até a publicação desta reportagem.
Segundo o Bluesky, foram mais de 880 mil novos usuários, apenas do Brasil, nos últimos dois dias. Atualmente, a rede tem cerca de 7 milhões de usuários ativos.
Um post de sexta-feira do perfil oficial da plataforma deu boas-vindas aos brasileiros. “Brasil, você está estabelecendo novos recordes de atividade no Bluesky”, escreveu.
Em preparação para as últimas horas de funcionamento do X no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma postagem dos links e nomes de suas contas em outras plataformas sociais.
Além de Threads e BlueSky, na postagem do presidente foram destacados, ainda, o Facebook, um canal no Whatsapp e o TikTok.
Com os últimos movimentos da Justiça, diversos usuários postaram frases na linha “quem já está por aqui?” em ambas as redes.
Muitos deles estrearam seus perfis com postagens, como, “acabei de chegar, refugiada do X/Twitter”, “o Twitter/X já teve vários velórios, e o Orkut ainda não morreu” e “gringos estão migrando para o Bluesky simplesmente para não deixar de seguir os brasileiros”.
Enquanto isso, outros perfis que se tornaram conhecidos na rede de Elon Musk nos últimos anos abriram contas ou passaram a usar seus perfis nas outras redes com mais frequência.
Alguns deles aproveitaram para reclamar da falta dos “trending topics” (ferramenta que mostra os assuntos mais comentados do momento) no Bluesky e de outros recursos popularizados no antigo Twitter.
Em julho, a Folha de S. Paulo publicou um comparativo entre as redes sociais alternativas ao X. Segundo a reportagem, das quatro plataformas avaliadas, nenhuma entregava uma experiência completa e acessível garantida pelo X em seus dias de maior popularidade.
“Agora pode ser um bom momento para anunciar que nossa próxima grande atualização de aplicativo terá vídeo. Mais detalhes em breve”, anunciou o perfil oficial do Bluesky na quinta-feira (29).
Segundo a plataforma, antevendo a entrada de novos usuários, foi atualizada ainda nesta semana uma versão com recursos para reduzir a “toxicidade” na rede.
Uma das possibilidades é desvincular uma postagem original da postagem de citação de alguém.
“Isso ajuda a manter o controle sobre um tópico iniciado, idealmente limitando o empilhamento de postagens e outras formas de assédio”, escreve a plataforma.
A nova versão também permite que o criador de um tópico oculte respostas à postagem original. “Com o recurso de notificações prioritárias, dá para filtrar notificações para receber apenas atualizações das pessoas que o usuário segue.”