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Ações de siderúrgicas sofrem com importados e queda nos preços | Siderurgia

Redação
por Redação

A queda das cotações do minério de ferro ao longo deste ano, associada à entrada desenfreada de produtos siderúrgicos chineses no mercado brasileiro, provocou uma tempestade perfeita nas finanças das siderúrgicas com ações negociadas em bolsa de valores. Tempestade, não; a julgar pelo que aconteceu com o preço das ações de Usiminas, CSN e Gerdau na B3, o cenário está mais para o de um tornado.

Os balanços das siderúrgicas de capital aberto são o retrato bem-acabado desse cenário. A Usiminas viu sua receita cair 7,8% no segundo trimestre do ano, para R$ 6,35 bilhões, na comparação trimestral. O resultado final do período foi um prejuízo de R$ 99,7 milhões, revertendo o ganho que a companhia havia tido de abril a junho de 2023, de R$ 287,4 milhões.

“O resultado reportado pela Usiminas trouxe números fracos, pressionados pelo desempenho aquém do esperado no segmento de siderurgia, cuja rentabilidade operacional reverteu a melhora apresentada no trimestre anterior e voltou a se deteriorar”, afirma Mary Silva, analista da BB Investimentos, em relatório divulgado em 26 de julho.

“Nem mesmo a recuperação parcial do resultado do segmento de mineração foi suficiente para compensar a queda de 41% (trimestral) no Ebitda ajustado consolidado, que ficou em R$ 247 milhões, e elevou a margem a apenas 3,9% (queda de 2,8 pontos no trimestre)”, afirma Mary, que tem recomendação neutra para as ações da Usiminas. Segundo ela, o volume de vendas de aço da companhia se manteve estável no trimestre, muito por conta da alta de 5,9% nas vendas ao mercado interno.

“Por uma decisão de dez anos atrás, de desativar a área de laminação, a Usiminas hoje tem boa parte da laminação de placas exposta a terceiros, e isso impacta nos seus custos, já que parte é importada e tem efeito do câmbio”, dizem Yuri Pereira e Arthur Biscuola, analistas do Santander.

De acordo com eles, a empresa teve melhorias de eficiência na operação do alto-forno 3, em Ipatinga (MG), mas não o suficiente para fazer frente ao aumento de custos. Pereira e Biscuola também têm recomendação neutra para as ações da Usiminas. Eles são unânimes ao dizer que a importação de aço chinês foi o principal fator no desempenho da companhia no trimestre.

Na Gerdau, a queda na receita líquida foi ainda maior, de 9%, para R$ 16,6 bilhões. O resultado ainda no azul foi um lucro líquido de R$ 867 milhões, embora muito abaixo dos R$ 2,1 bilhões de um ano antes. Segundo a companhia informou na apresentação do balanço, a produção de aço bruto pela empresa encolheu 5,3% no trimestre, para 2,9 milhões de toneladas. As vendas de aço somaram 2,7 milhões de toneladas, com queda de 7,5% sobre os mesmos meses do ano passado. “A alta penetração de produtos importados continua afetando o volume de vendas no mercado doméstico dado que o sistema de cotas implementado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento e Comércio) ainda não apresentou impacto relevante para o mercado interno de aço no 2T24”, escreveu a companhia.

O sistema de cotas foi implementado em maio a pedido dos empresários do setor como forma de frear a entrada de aço importado da China. A importação de aço no Brasil cresceu 23,9% no primeiro semestre, enquanto o consumo aparente de aço cresceu apenas 6%. A tarifa média imposta, pelo sistema, dependendo do produto, é de 11%. Para os analistas do Santander, a sobretaxa não deve conter a entrada de importados, mas frear sua evolução, o que já beneficia o setor.

Além do avanço da importação de aço, o preço do minério de ferro no mercado internacional deu um empurrão para o fraco desempenho das companhias do setor. Da casa dos US$ 130 a tonelada no início do ano, hoje o mineral é negociado na casa dos US$ 105 a tonelada.

Pereira e Biscuola lembram que as atividades da Gerdau nos Estados Unidos responderam por 52% do Ebitda da empresa no trimestre. “As margens estão crescendo nas operações nos EUA, enquanto no Brasil, estão caindo.” A razão é que o mercado americano já é protegido contra importações de aço desde 2018, com tarifa de 25%. “Outros motivos são que ela se desfez dos negócios de vergalhão e das usinas menos eficientes nos EUA, e grande parte da produção é destinada à construção pesada, que é bastante resiliente”, acrescentam. Eles recomendam a compra das ações.

A CSN fechou o segundo trimestre com receita líquida consolidada de R$ 10,9 bilhões, com queda de 1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, as vendas de aço aumentaram 7% no trimestre, para 1,124 milhão de toneladas, puxadas pela alta de 8% das vendas no mercado interno. A companhia reportou um crescimento no Ebitda trimestral de 31%, para R$ 2,53 bilhão, mas o resultado final do balanço foi um prejuízo de R$ 223 milhões, revertendo os ganhos de R$ 283 milhões de um ano antes.

Fonte: Externa

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