O presidente da Localiza, Bruno Sebastian Lasansky, disse, nessa quarta-feira (14), que a empresa ainda aposta em altas no preço do carro novo, embora em patamares mais controlados. “A gente observa crescimento do preço público e praticado abaixo da inflação, mas com crescimento nominal. Não vemos cenário em que montadoras estão com apetite de redução dos preços, de fato, diante do novo patamar de câmbio”, disse, em teleconferência.
O efeito disso é que a empresa, nos próximos trimestres, manterá perspectiva de um distanciamento um pouco maior entre o preço do seminovo contra o preço do zero.
Depreciação em cenário de mais visibilidade
Calcanhar de Aquiles do setor de locação de automóveis no Brasil, a depreciação (calculada considerando o preço de compra do carro, menos o preço de venda e o custo de venda sobre o ciclo de vida útil do carro) está agora em um cenário de mais visibilidade, afirmou Lasansky. A empresa avançou com um ajuste bilionário no segundo trimestre como forma de limpar do balanço os efeitos da forte queda no preço do seminovo.
No total, a empresa reportou no balanço R$ 1,67 bilhão em provisões, baixa contábil (“impairment”) e depreciação adicional de carros. O número colaborou para o grupo aumentar seu prejuízo no trimestre para uma perda de R$ 570 milhões — contra perdas de R$ 89 milhões no segundo trimestre de 2023.
“A partir de agora temos caminho com mais clareza do que vamos ter pela frente em depreciação”, disse, em teleconferência com analistas na manhã desta quarta-feira. O executivo explicou que o grupo ganhou alguns desafios adicionais no pós-pandemia, como a reacomodação dos ciclos de preço de seminovos, materialização da combinação de negócios com a antiga Unidas e aumento de capital investido. “Esses fatores trouxeram desafios para a companhia, mas também trouxeram escala e posição competitiva bastante diferenciada”, disse.
Parte do maior impacto da depreciação no balanço da empresa veio da redução do ciclo de vida útil da depreciação do carro na divisão de aluguel (RAC), de 18 para 15 meses. A decisão de fazer o ajuste, assim como o impairment no balanço, veio diante da forte queda no preço do seminovo no segundo trimestre.
“A mudança de 18 para 15 meses da vida útil depreciável, apesar de vermos como positivo, no curto prazo nos próximos trimestres, principalmente os carros que estão na frota a mais tempo, eles têm a depreciação impactada”, disse Rodrigo Tavares, diretor financeiro.
O executivo apontou que diante do cenário, a empresa espera patamares de depreciação nos próximos meses também maiores. “No segundo trimestre de 2025, a gente já deve estar perto do ciclo normalizado (de desativação em 15 meses)”, disse o diretor.
A expectativa da empresa é de que a depreciação por carro anualizada fique na casa entre R$ 6,7 mil e R$ 7,7 mil no segmento de aluguel de carros, contra R$ 6 mil no primeiro trimestre e R$ 19,9 mil no segundo trimestre deste ano. “Os patamares da depreciação estão, sim, superiores ao patamar do primeiro trimestre. Mas há expectativa de normalização das margens de seminovos”, disse.
A empresa sentiu também os impactos da crise no Rio Grande do Sul nos seus resultados. No total, o impacto financeiro foi de R$ 103 milhões. A empresa teve um total de 2,6 mil carros impactados no estado, além de agências. A empresa ainda mantém uma operação parcial na região.