Sétima maior economia do mundo e segunda maior da União Europeia, a França enfrenta o segundo turno de suas eleições parlamentares neste domingo após uma campanha marcada por protestos violentos e promessas de aumentos de gastos pelos diferentes partidos, da extrema esquerda à extrema direita.
As propostas buscam atacar a perda do poder de compra das famílias, após anos de inflação alta, juros elevados e preços de energia pressionados. A situação ainda foi agravada pela pandemia e pela guerra da Ucrânia. O crescimento da economia francesa tem ficado aquém de outros países europeus e dos Estados Unidos, apesar de mostrar resiliência.
São fatores que geram descontentamento dos eleitores e abrem espaço para políticas populistas, como a da extrema direita que vem avançando politicamente na França, fenômeno observado no primeiro turno da eleição parlamentar na última semana.
Só que as promessas também significam aumento de gastos públicos – mesmo sem deixar claras as fontes de financiamento – em um país que já vive com uma crise fiscal. O déficit da França em 2023 foi de 5,5%, bem acima do limite de 3% estabelecido pelo Tratado de Maastricht, que criou a União Europeia e foi base também para o caminho de adoção de euro. O descumprimento da meta também é realidade em outros Estados-membros, inclusive a Alemanha, que é a maior economia do bloco e a terceira maior do mundo.
Ainda assim, a situação coloca a economia francesa na mira dos mercados, com possíveis efeitos em títulos do país e taxas de juros e eventual ação do Banco Central Europeu (BCE).
Confira, a seguir, alguns indicadores da economia francesa:
Os últimos anos foram de inflação elevada na França, especialmente em bens essenciais, como alimentos e energia. O movimento atingiu em cheio o poder de compra das famílias francesas, provocando descontentamento que aparece também na cena política observada agora.
No último ano, o ritmo de aumento de preços diminuiu – a inflação ao consumidor (HICP, na sigla em inglês) acumulada em 12 meses passou de 5,3% em junho de 2023 para 2,5% em junho de 2024, segundo dados da Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia. O patamar elevado por causa das altas nos últimos anos, no entanto, dá pouca margem para melhora na percepção do padrão de vida.
Produto Interno Bruto (PIB)
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) francês desacelerou de 2,5% em 2022 para 0,9% em 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee, na sigla em francês), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da França.
A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de que o ritmo se mantenha em 2024, com projeção de alta de 0,8%, e acelere em 2025, para 1,3%. A longo prazo, com o envelhecimento da população, o FMI estima crescimento anual de 1% em média.
No primeiro trimestre de 2024, houve alta de 0,2% do PIB francês ante o quarto trimestre de 2023, abaixo dos 0,3% da zona do euro, de acordo com a Eurostat. Frente a igual trimestre de 2023, o crescimento foi de 1,3% na França e 0,4% na zona do euro.
A taxa de desemprego na França era de 7,4% em maio de 2024, acima dos 6,4% da zona do euro e mais do que o dobro dos 3,3% da Alemanha, uma tendência histórica. Em maio, o país tinha 2,3 milhões de pessoas desempregados, o que corresponde a cerca um quinto dos 11 milhões de toda a zona do euro.
A taxa de desemprego entre os jovens de até 25 anos, tradicionalmente maior que a média em todo o mundo, era de 17,9% na França, também acima dos 14,2% da zona do euro.
Apesar das dificuldades em conjuntura econômica, a França tem apresentado um mercado de trabalho forte. Há preocupação, no entanto, com o aumento esperado da população ativa, após a reforma de previdência, com aposentadoria mais tarde, que pode pressionar o mercado.