O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu nesta sexta-feira (24) a coesão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em torno da pré-candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) à Prefeitura de São Paulo e afirmou que o postulante terá a gestão federal como aliada. Haddad marcou sua estreia na pré-campanha do parlamentar, em evento que contou também com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), e afirmou que Boulos será a administração “4.0” dos progressistas na cidade, em referência aos outros três prefeitos eleitos por esse campo na capital paulista.
O ministro elogiou Boulos por diversas vezes e disse que o parlamentar é uma liderança política rara, “que aparece de vez em quando na política nacional”, e que, por isso, deve ser “cultivada” e “celebrada”. Ex-prefeito de São Paulo (2013-2016), Haddad afirmou que o apoio da gestão federal é importante para o prefeito da capital e disse que se Boulos for eleito, terá “o governo federal [como] aliado”.
“Essa força vai ser muito importante esse ano, a gente mostrar coesão em torno de um projeto paulistano”, disse Haddad. Na sequência, o ministro disse que “chegou a hora” de os progressistas voltarem ao poder na cidade e lembrou que entre os mandatos dos três prefeitos de esquerda que São Paulo já teve, houve um intervalo de oito anos com governos de centro-direita ou direita. “Você [Boulos] vai ser o 4.0 dessa nossa trajetória.”
Depois da gestão de Luiza Erundina(1989-1992), que foi eleita pelo PT e agora está no Psol, São Paulo teve as administrações de Paulo Maluf e Celso Pitta. Marta Suplicy (PT) assumiu em 2001, mas não se reelegeu e foi sucedida pelas gestões de José Serra e Gilberto Kassab. Fernando Haddad elegeu-se em 2012, mas não conseguiu a reeleição. Depois vieram os governos de João Doria/ Bruno Covas e Bruno Covas/ Ricardo Nunes. “Pela minha conta [de quatro anos] para nós e oito para eles, chegou os quatro para nós agora”, disse Haddad, sendo aplaudido por uma plateia de apoiadores de Boulos, em um teatro da capital paulista.
Apesar de defender a coesão do governo federal em torno de Boulos, o PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Márcio França apoia em São Paulo a pré-candidatura da deputada Tabata Amaral. O MDB, com três ministérios, tem como pré-candidato o prefeito Ricardo Nunes, que se aliou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Haddad listou marcas das gestões Erundina, Marta e de sua própria administração, como as ciclovias e os Centros Educacionais Unificados (CEUs), e disse que agora a capital precisa adotar programas voltados a uma agenda ambiental. O ministro e ex-prefeito afirmou que Boulos precisa ter um plano de governo “audacioso” e deve buscar descobrir quais são os sonhos dos moradores de São Paulo. “[Tem que] Saber o que as pessoas ainda não sabem o que querem. É papel de uma liderança da sua qualidade”, disse Haddad.
Presente no evento marcado para discutir propostas para uma cidade mais sustentável, a ministra Marina Silva reforçou, por diversos momentos, a necessidade de Boulos construir uma frente ampla, não só com partidos políticos, mas também com setores da sociedade.
“Faça da campanha um movimento”, disse a ministra. Marina reforçou seu apoio e o do ministro da Fazenda a Boulos. A ministra disse que Haddad trabalha para ajudar todos os prefeitos, mas reforçou que voto dele será no pré-candidato do Psol.
O pré-candidato do Psol apresentou propostas para uma cidade mais “resiliente às mudanças climáticas”, como o aumento da frota de ônibus elétrico, a ampliação da reciclagem e da compostagem, e a implementação de mais parques na cidade, sobretudo na periferia.
Em crítica indireta a seu principal adversário na disputa, o prefeito Ricardo Nunes, Boulos disse que a capital não pode ficar nas mãos de um “negacionista”, em referência a proximidade do prefeito com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “São Paulo é uma cidade muito importante e muito grande para ficar nas mãos de gente que flerta com o negacionismo”, disse. “São Paulo disse não ao bolsonarismo, ao atraso, ao negacionismo. A cidade deu esse recado. Tenho muita confiança de que dará esse recado daqui a alguns meses.”