As companhias aéreas Azul e Gol anunciaram, na noite desta quinta-feira, um acordo de cooperação comercial que vai conectar as suas malhas aéreas no Brasil por meio de um codeshare – parceria entre as aéreas para compartilhar um mesmo voo. A parceria inclui as rotas domésticas exclusivas, ou seja, operadas por uma das duas empresas e não a outra.
O codeshare é um acordo comercial e por isso não tem aprovação do Cade. Entretanto, o tema pode vir a chamar a atenção da concorrente Latam. Na época em que a Latam fez um codeshare com a Azul, a Gol chegou a se movimentar nos bastidores pedindo que o Cade aplicasse alguma sanção contra as empresas diante de uma prática que, no fim, poderia prejudicar o consumidor.
O acordo entre Gol e Azul envolve também os programas de fidelidade, permitindo que membros do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas nos programa de sua escolha ao comprar os trechos inclusos no codeshare.
“Esse acordo vai trazer enormes benefícios para os nossos clientes. Com a malha altamente conectada da Azul servindo à maioria das cidades no Brasil e a forte presença da Gol nos principais mercados brasileiros, nossas ofertas complementares vão oferecer aos clientes a mais ampla gama de opções de viagem”, disse Abhi Shah, presidente da Azul, em nota.
Os consumidores vão ter acesso a essa parceria comercial a partir do final de junho, quando a oferta estará disponível nos canais de vendas de ambas as empresas.
“A Gol e a Azul sempre estiveram comprometidas em expandir o mercado de aviação brasileiro. Este acordo de codeshare vai proporcionar aos clientes acesso a ainda mais opções para viajar pelo nosso país. A Gol já oferece mais de 60 acordos comerciais diferentes com muitas companhias aéreas parceiras globais e estamos ansiosos para expandir esse benefício dentro do Brasil também”, disse Celso Ferrer, CEO da Gol, em nota.
Azul e GOL possuem cerca de 1.500 decolagens diárias. O acordo vai criar mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão.
A parceria é mais um capítulo recente na história de um setor que é marcado por conflitos e afagos.
Depois de um acordo de compartilhamento de voos (“codeshare”) que trouxe várias especulações no mercado sobre uma possível fusão, a Latam Brasil e a Azul encerraram em maio de 2021 a parceria, que começou em agosto de 2020.
A Latam foi a primeira a divulgar o encerramento do acordo na época. Em entrevista ao Valor na época, o presidente da companhia no Brasil, Jerome Cadier, disse que, com resultados aquém do esperado, a parceria entre as empresas havia perdido o sentido naquele momento de retomada do mercado. A ideia inicial, segundo ele, foi trazer sustentação às duas companhias em um momento de muita fragilidade, provocada pela pandemia.
Horas depois, no mesmo dia, foi a vez de a Azul divulgar um comunicado em que, não apenas confirmou o encerramento do “codeshare”, como chamou atenção para um “possível movimento de consolidação do setor” e atribuiu a decisão tomada pela parceira a uma reação a esse processo.
O comunicado da Azul jogou lenha em uma fogueira que pegou fogo por meses, em meio a uma tentativa da Azul de comprar os negócios da Latam Brasil em negociações com os credores da rival dentro do seu processo de chapter 11.