O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou as novas projeções para a evolução da população brasileira, dessa vez até 2070. É a primeira vez que as estimativas incorporam os dados do Censo Demográfico 2022, inclusive com ajustes nas informações por causa de falhas na cobertura.
Afinal, o que dizem as novas projeções? O que vai acontecer com a população brasileira nos próximos anos? Como vai ser o ritmo de envelhecimento?
Veja oito gráficos que ajudam a explicar o que se espera daqui para a frente:
Ritmo de crescimento da população
O cenário projetado pelo IBGE é baseado no ritmo cada vez menor de crescimento da população brasileira nos últimos anos – confirmado no Censo Demográfico 2022. Se no início dos anos 2000 a velocidade de expansão passava dos 1,5% ao ano, vai desacelerando até 2041. A partir daí, para de subir e passa a cair em 2042. O recuo será inicialmente de apenas 0,01%, mas a velocidade de queda acelera até chegar a -0,67% em 2070, último ano de referência das projeções atualizadas pelo IBGE.
O número-chave dessas novas projeções é 2042: o ano em que população brasileira deve começar a diminuir. É uma distância de apenas 18 anos de 2024. A redução ocorre, pelas estimativas, após o país atingir um pico de 220,425 milhões de habitantes em 2041. O momento foi antecipado pela pandemia: pela projeção do IBGE de 2018, a mais recente antes da divulgada na quinta-feira (22), a retração só começaria em 2048. As estimativas apontam para uma população pouco abaixo dos 200 milhões em 2070.
Diferenças entre os Estados
O chamado ano de inflexão – como é chamado o início da queda da população – será diferente entre as unidades da federação. Em Alagoas e Rio Grande do Sul, esse processo começa já em 2027, seguidas pelo Rio de Janeiro, em 2028. Mato Grosso é o único Estado que não deve passar por redução da população, segundo o atual horizonte das estimativas do IBGE, que vai até 2070, movimento explicado pela migração.
Mudança na participação dos grupos etários
Os dados confirmam que o Brasil passa por uma transição acelerada de sua estrutura etária. O grupo de 15 a 24 anos, que em 2023 era de 14,8%, deve recuar para 9,2% em 2070. A faixa de 25 a 39 anos deve ter queda dos 23,3% de 2023 para 15,5% em 2070. Por outro lado, a parcela das pessoas de 60 anos ou mais – que são consideradas idosas, pelo Estatuto do Idoso – alcancará 37,8% em 2070, antes os 15,6% de 2023.
Envelhecimento do envelhecimento
Os números mais recentes do IBGE mostram também o que é chamado por demógrafos como “o envelhecimento do envelhecimento”: o grupo dos idosos tem parcela cada vez maior daqueles que viveram mais. Um em cada dez habitantes em 2070 terá 80 anos ou mais, uma participação de 11,4%. Hoje, esse grupo representa apenas 2,2% da população brasileira.
O índice de envelhecimento é uma das medidas de referência para avaliar a tendência demográfica de um país. O indicador corresponde ao número de pessoas de 60 anos ou mais para cada criança de 0 a 14 anos. O patamar de referência é 100. Quando o número passa de 100, há mais idosos que crianças. Os resultados abaixo de 100 indicam uma população mais jovem.
Em 2070, essa relação será de 316,2. Isso significa que o país terá três pessoas com mais de 60 anos para cada uma de até 14 anos. Na análise por Estados, apenas Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro tinham, em 2023, mais de uma pessoa com 60 anos para cada pessoa de até 14 anos.
O quadro terá mudado significativamente em 2070, caso as projeções do IBGE se confirmem. Dezoito Estados terão mais de três idosos com 60 anos ou mais para cada jovem de até 14 anos.
Outra forma de enxergar o envelhecimento é pela chamada idade mediana, que é o ponto exato onde se dividem as duas metades da população. Em 2023, esse marco era de 34,8 anos. Até 2070, metade dos habitantes do país terá mais de 51,2 anos.
A pirâmide etária é a representação gráfica da estrutura de idade da população. O gráfico mostra a parcela de cada faixa etária em relação à população como um todo, separando por homens (lado esquerdo da imagem) e mulheres (lado direito).
Os grupos etários mais jovens – como de 0 a 4 anos; de 5 a 9 anos; e de 10 a 14 anos, por exemplo – estão na base da pirâmide. Os mais velhos – 80 a 84 anos; 85 a 89 anos; e acima de 90 anos –, por sua vez, estão no topo.
A pirâmide tradicional é caracterizada pela base mais larga e um topo mais fino, apontando para o perfil de uma população mais jovem. O Brasil vem deixando esse formato para trás desde a década de 90. A base está cada vez mais estreita e o topo, cada vez mais largo, como é o padrão em países mais envelhecidos.
Veja como é pirâmide etária década a década, 2000 a 2070: