O mercado de trabalho está on, na crista da onda, a todo vapor ou bombando. Seja qual for sua geração, não há dúvidas: o mercado de trabalho está em alta. Para quem se acostumou com anos seguidos de crise, é até difícil acreditar no bom momento. Mas os números crescem mês a mês e confirmam a fase positiva.
Depois do choque inicial da pandemia – quando houve redução intensa da ocupação, especialmente entre os informais –, os sinais de recuperação do mercado de trabalho começaram a aparecer em 2021, se intensificaram em 2022 e 2023 e mantêm o fôlego em 2024. Há melhora contínua, apontam os especialistas.
Nem tudo é um mar de flores ou céu de brigadeiro, é claro: a informalidade continua elevada e quase 70% dos trabalhadores ganham menos que dois salários-mínimos. Também há dúvidas sobre a continuidade desse mercado de trabalho aquecido, diante da desaceleração do crescimento da economia. Outro fator de preocupação é o impacto na inflação, como o Banco Central (BC) vem apontando em seus comunicados.
A realidade atual positiva, no entanto, é clara. Confira cinco sinais que confirmam o bom momento do mercado de trabalho:
Recorde no pessoal ocupado
Os dados para o trimestre encerrado em maio apontaram novo recorde no número de trabalhadores ocupados, de 101,3 milhões. É maior contingente desde o início da série histórica da pesquisa do IBGE, em 2012.
O resultado reflete uma alta de 1,1% ante o trimestre anterior, encerrado em fevereiro (mais 1,1 milhão de pessoas), e de 3% ante igual período de 2023 (mais 2,9 milhões de pessoas). Em 2023, o número ultrapassou pela primeira vez a marca de 100 milhões de pessoas.
Nessa alta do mercado de trabalho, tem chamado atenção a maior contribuição do setor formal, que ocorre desde 2022. A informalidade ainda existe e é alta – quase 40% dos trabalhadores ocupados estão em vagas informais. Mas o setor formal vem ganhando espaço.
Referência para o mercado formal, os empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada do setor privado atingiram novo recorde no trimestre encerrado em maio, de 38,326 milhões de pessoas. O aumento foi de 0,9% ante o trimestre anterior (330 mil pessoas a mais) e de 4,1% frente a igual trimestre de 2023 (1,5 milhão de pessoas a mais).
Número de desempregados abaixo de oito milhões
O número de trabalhadores desempregados caiu 8,8% no trimestre encerrado em maio, ante o trimestre imediatamente anterior, para 7,8 milhões de pessoas (751 mil pessoas a menos).
Esta é a primeira vez que o número de pessoas em busca de trabalho ficou abaixo dos oito milhões em mais de nove anos, desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015. O número de 7,8 milhões também é quase metade 15,2 milhões de desempregados no país há três anos, no trimestre encerrado em maio de 2021.
Taxa de desemprego em queda
A taxa de desemprego no país caiu para 7,1% no trimestre encerrado em maio, bem abaixo dos 7,8% do trimestre imediatamente anterior e dos 8,3% de igual período de 2023.
Esta é a menor taxa da série histórica para um trimestre encerrado em maio e se iguala ao resultado de 2014, quando também foi de 7,1%. A série histórica da pesquisa do IBGE começou em 2012.
A taxa de 7,1% é menos da metade dos 14,7% do trimestre encerrado em maio de 2021, há três anos, antes do início da recuperação do mercado após o choque inicial da pandemia.
A renda média do trabalhador brasileiro segue em trajetória de alta desde o fim de 2021. Antes disso, em 2020, no início da pandemia, o valor chegou a subir, mas pelo chamado efeito composição. Com os trabalhadores informais dispensados, quem conseguiu se manter empregado foram aqueles no setor formal, de rendimento maior.
No trimestre encerrado em maio, a renda média avançou 1% ante o trimestre anterior para R$ 3.181, uma diferença de R$ 31. Na comparação com igual trimestre de 2023, houve alta de 5,6% (R$ 181 a mais).
Com ocupação e renda em alta, a massa de rendimentos vem batendo recordes, como ocorreu no trimestre encerrado em maio, quando chegou a R$ 317,9 bilhões. O aumento foi de 2,2% frente ao trimestre anterior (R$ 6,8 bilhões) e de 9% ante igual trimestre de 2023 (R$ 26,1 bilhões).