Uma pesquisa da Consensys, empresa responsável pela carteira digital de autocustódia de criptomoedas MetaMask, em parceria com a YouGov, revelou que 96% dos brasileiros já ouviram falar em criptomoedas e 43% destes investem ou já investiram neste tipo de moeda digital. O levantamento também captou um descontentamento com o sistema financeiro tradicional, pois 47% dos respondentes disseram que o sistema deveria melhorar e 21% que precisa ser completamente reconstruído.
Segundo Daniel Lynch, diretor sênior da Consensys, os bancos no Brasil começaram a prestar mais atenção às pessoas desbancarizadas após o lançamento do Pix, mas ainda falham em atender às necessidades do que chama de “sub bancarizados”. “É uma tendência que vemos na América Latina. A pessoa rica pode ter uma conta no banco privado com várias divisas e acesso a money market [mercados monetários]. O sub bancarizado tem no máximo uma conta corrente ou conta poupança”, afirma.
Na opinião de Lynch, o mercado de criptomoedas traz boas oportunidades para que essas pessoas tenham acesso a produtos financeiros com condições melhores de rentabilidade. “Já existem stablecoins para quem quer se expor ao dólar, ouro tokenizado, e também protocolos de empréstimos como Aave, que possuem mais capital do que muitos bancos dos EUA”, comenta.
Do ponto de vista regional, o Nordeste é a região do Brasil que mais apresentou respondentes que disseram já ter investido em cripto, com 45,3%, seguido pelo Sul (43,4%), Sudeste (40,7%), Norte (40,2%) e Centro-Oeste (38%). No entanto, Lynch admite que o levantamento não diferenciou quem comprou criptomoedas de fontes confiáveis como as corretoras de criptoativos que vão buscar licenças de operação do Banco Central (BC) quando a regulação do setor ficar pronta, e quem adquiriu de maus atores como as infames pirâmides que surgiram no Brasil nos últimos anos.
Nas entrevistas, a percepção de que há golpes demais no mercado de criptoativos foi citada por 41% como uma barreira de entrada para quem quer começar a investir. É o terceiro principal motivo enxergado por muitos para ficar de fora do setor, atrás apenas de “investir em criptomoedas é muito caro” (47%) e “a tecnologia não é inovadora ou diferente do que já existe agora” (42%). Apesar disso, a Consensys destaca que o medo de golpes caiu 12 pontos percentuais em relação ao estudo realizado pela companhia em 2023.
A pesquisa foi realizada com 1.051 entrevistados entre 23 de fevereiro e 2 de maio de 2024 por meio de entrevistas online.
A Consensys também citou que está desenvolvendo um cartão de débito da bandeira Visa com o qual usuários podem fazer compras usando os valores que possuem em autocustódia das stablecoins USDT e USDC, e também da moeda digital WETH, o wrapped ethereum da rede Linea, versão tokenizada do ether que facilita transações sem interromper a blockchain do Ethereum.